sexta-feira, 27 de julho de 2012

Astros cadentes



by ArysG@ioVani


É o estertor dessas almas torturadas,
a visão das míseras criaturas atormentadas, 
são as sombras mortais que despojadas,
só gemem, só choram mesmo abrigadas,
sob um pálio grandioso, dossel prodigioso, 
de estrelas fulgentes num céu misterioso.

Mas estão longe desse brilho chamejante,
que vislumbram com o  olhar suplicante,
estão além do cobiçado esplendor eterno,
mas perto de todos umbrais do inferno,
para onde caminham como almas sem siso  
condenadas que foram após o lícito juízo.

E o  sangue das suas proles escorre,
é a rubra seiva preciosa, que corre,
brotando já célere, até ao reverso,
jorrando de berço vil e perverso,
fulgurante na luz das candeias,
deixando as cânulas ceifadas, as veias,
abertas por lâminas nefandas e cruéis,
manejadas por funestos e carnífices algozes,
que riem ao som de malditos menestréis,
e dançam em ritos, despindo podres albornozes.

São ceifadores de almas, entes que crescem,   
sempre trazendo com eles tormentos atrozes,
são bestas satânicas ignóbeis e ferozes,
reduzem os corpos a carcaças que só padecem,
a monturo das pobres carnes humanas perecíveis,
mas que toleram as torturas mais que possíveis.

A alma pecadora geme, geme e chora,
alheia a tudo mais que ocorre lá fora,
num arrepiante sofrer, pavor  horrível,
num intenso tormento, sádico e visível,
padece mesmo sob esse imenso dossel,
teto de estrelas fúlgidas, solene  pálio,
essas luzes tão chamejantes no céu,
mas que agora apenas olham de soslaio.

Nessa dor,  nesse transe agoniado,
pesar que se abate no ser desgraçado,
pavor consternado nas almas dos crentes,
que suportam a aflição dos martírios ingentes,
todas as estrelas agora são elas inocentes,
são espectadoras do pavoroso tormento,
são apenas meros astros cadentes,
agora sem luz própria, sem um lamento,
que brilham acalentando dolentes,
todo ferozes sofrimentos prementes.



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