by ArysG@ioVani
É
o estertor dessas almas torturadas,
a visão das míseras criaturas atormentadas,
são
as sombras mortais que despojadas,
só
gemem, só choram mesmo abrigadas,
sob
um pálio grandioso, dossel prodigioso,
de
estrelas fulgentes num céu misterioso.
Mas
estão longe desse brilho chamejante,
que
vislumbram com o olhar suplicante,
estão
além do cobiçado esplendor eterno,
mas
perto de todos umbrais do inferno,
para
onde caminham como almas sem siso
condenadas
que foram após o lícito juízo.
E
o sangue das suas proles escorre,
é
a rubra seiva preciosa, que corre,
brotando
já célere, até ao reverso,
jorrando
de berço vil e perverso,
fulgurante
na luz das candeias,
deixando
as cânulas ceifadas, as veias,
abertas
por lâminas nefandas e cruéis,
manejadas por funestos e carnífices algozes,
que
riem ao som de malditos menestréis,
e dançam em ritos, despindo podres albornozes.
São ceifadores de almas, entes que crescem,
sempre trazendo com eles tormentos atrozes,
são
bestas satânicas ignóbeis e ferozes,
reduzem os corpos a carcaças que só padecem,
a monturo das pobres carnes humanas perecíveis,
mas que toleram as torturas mais que possíveis.
A
alma pecadora geme, geme e chora,
alheia
a tudo mais que ocorre lá fora,
num
arrepiante sofrer, pavor horrível,
num
intenso tormento, sádico e visível,
padece
mesmo sob esse imenso dossel,
teto
de estrelas fúlgidas, solene pálio,
essas
luzes tão chamejantes no céu,
mas
que agora apenas olham de soslaio.
Nessa
dor, nesse transe agoniado,
pesar
que se abate no ser desgraçado,
pavor
consternado nas almas dos crentes,
que suportam a aflição dos martírios ingentes,
todas
as estrelas agora são elas inocentes,
são
espectadoras do pavoroso tormento,
são
apenas meros astros cadentes,
agora
sem luz própria, sem um lamento,
que
brilham acalentando dolentes,
todo ferozes sofrimentos
prementes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário