sexta-feira, 18 de abril de 2008

Afogamento psicótico



Afogamento psicótico
Os dentes elétricos choram tua carne
Ao meio dia de uma revelação
Enlaçada por desejos
De mimosas titânicas em espasmo cerebral
A febre na anti-sala
Não se derrete nos banhos urgentes
Nem delira anjos de gesso
Camuflando dejetos



Impossível desenho dos teus olhos
Na horizontal fábula
Do campo assimétrico
Onde dormem testemunhas
Das fugas de nossas almas
Dissimuladas quedas
Em doces alcovas

Tudo se arrebenta ao quadrado

No outro lado da existência

Do meu quarto

Acorrentado em janelas

Aramadas ao sol



Não tenho morada


Vacilo em mim mesma


Ao final do primeiro Altíssimo


Turva coleção de ciladas





Meus signos espatifados


No teu canivete cartesiano


Não é mote


Que me arranque


De não saber sorrir


Ou morrer


A meia noite de uma filosofia


Que nina na canção esfarrapada


De ruminações apocalípticas


Ou marcas nodosas


Na medicamentosa veia inchada





Do delito vivo


Eu,criança de mim


Brincando de roleta russa na expressão nervosa


Eu,minha mãe


Bastarda!



(imagem: retirada de uma revista do sesc, ,sobre questão manicomial,recomendo!
http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=281&Artigo_ID=4363&IDCategoria=4971&reftype=2)

2 comentários:

MPadilha disse...

O seu poema tem a construção de um pisicótico, vai crescendo e descompassando, enlouquecendo e deixando doido quem lê.
Eu A D O R E I!!!
Quem não é louco aqui no Vale???
Só o cara da Legião Urbana que tá cantando aqui no meu som, esse não é doido...de pedra!
Beijos!

Giselle Sato disse...

Rita, uma construção alucinante. Não sei até onde vai o mergulho da Medusa...mas é completamente diferente de tudo.
Seu estilo é incomparável, novo, visceral, infame, um soco no estômago e um alívio para os excluídos.
Talento querida Rita, muito talento e honestidade em tudo que escreves.