quinta-feira, 9 de outubro de 2008

1º LUGAR DO CONCURSO DO VALE








Cale-se... - LOLA

.

.
A essência da vida se apresenta em um brinde
Minha alma, se retesa, cambaleante,
tropeça em minha língua... Não quero o fel, engolir...
Um olhar entristecido em meus retratos
traz-me na boca o gosto do mel derramado


O cálice de fel, a mim, oferecido
debocha da minha vã existência
Aqueles que deixei enterrados sem lápides...
borbulham vibrantes em mais um convite
para um último trago...


Covardia!
Não quero e não quebro o cálice maldito
Nada faço, me calo, e ele, não se cala...
Intragável líquido com seu cheiro pútrido
A me sufocar... de vida...Grita...


Amarras, santas amarras...
Corto-as com meus dentes, na marra!
Quebro o cálice, sangro aos pedaços
Rego o solo com minha carne in vitro
Não à impotência, fim da minha ausência
Fim da minha vã existência...
Enfim, o cálice, se cala...
.
.

2 comentários:

Ivy Gomide disse...

Lola, minha amiga 'real' de tantos anos, de tantas batalhas, seu poema é uma ode à beleza.
__

'...Amarras, santas amarras...
Corto-as com meus dentes, na marra!
Quebro o cálice, sangro aos pedaços
Rego o solo com minha carne in vitro
Não à impotência, fim da minha ausência
Fim da minha vã existência...
Enfim, o cálice, se cala...
__
Corte-as, vc merece e na marra mesmo.. se bem que um poema pode ser uma tremenda mentira.. Literatura é a mentira permitida, mas sua boca abrir-se eu espero que seja coroada de verdades.
Quebre o cálice, jogue-o na janela, deixe que se parte e abra a boca e grite: Eu mereço!
Discordo: sua existeência não é vã.
Vc é tão somente uma pessoa dolorida que um dia descobriu que poderia soltar a dor no papel e derramar todo esse vinho tinto e gritar - EU MEREÇO!
Se vc vivesse no Rio...rsrs.. eu te convidaria a permitir-se dentro do meu set( cons.)
bjins

Lola... disse...

Ivy, obrigada pelo comentário.

Sim, estamos há alguns anos na batalha, você da Cidade Maravilhosa e eu aqui do meu cantinho, não ser real poderia real, mas somos reais, quase surreais. As letras nos acompanham e nos emprestam esse ar de mistério... E com elas venho quebrando meus cálices.

Beijo e cuide-se.