quinta-feira, 13 de novembro de 2008

GUARDADOS - FRANCK


Guardados

O ato de judiar ganha dimensões de fenômeno natural raro, cada vez que Anita decide dar-se a pungente atenção ao membro mais atrevido da constituição física humana. O chá de canela nada pode fazer em tais tempos de fértil imaginação, porque do núcleo mais profundo e estreito, frui a predominante fusão renovadora. Anita rói as unhas enquanto imagina o outro ali adiante, prontificado a fazer valer os vaivens dos relâmpagos que desvirginam o céu da boca. Ela olha para os hemisférios do ambiente, busca a certeza da solidão aliada, providenciais instantes do “eu comigo” Um beijo ardente roubado de outra boca delirantemente doada. Dela, a língua altruísta, turista elevada ao quadrado, bel prazer do umbigo.

Anita se contorce, ruboriza na bela face que fervilha de febre eloqüente. Dengosamente ela lambe os lábios sem controle, pisca os faróis bem no cume de cada um de seus fartos de compartilháveis anseios. O coração fibrila sem males parecendo ser o regente de outras artes por partes que compõem o corpo físico. O cansaço do olhar traduz-se na gula para os alimentos que não nutrem o estômago. As mãos juntam um feixe de músculos inflado de sangue, sacodem-no loucamente para atordoá-lo ainda mais. Fazer valer os vaivens dos remos que cortam a água ao meio sem experimentar estadas por profundezas oceânicas. Anita sussurra seqüestrada de delírios benéficos ao mergulhar um pedaço do outro no interno de sua boca esfomeada. Ela apresenta a própria garganta como anfitriã para o asteróide e particular corpo estranho.

A mulher abaixa a vergonha até os joelhos, murmura receptiva, olha-se inteira refletida no espelho e deixa jorrar tal declaração por palavreados: “A mulher está pronta, tonta, na conta para sentir o outro no lado interno e avesso de si”. Anita guarda o asteróide no berço interior da alagadiça carne trêmula. A mulher avulsa cavalga para o temporário destino estrelado das explosivas supernovas. Ela dança ao ritmo acelerado do kari kari, entorna-se mulher rappa nui, na verdade, sem ser. Seus seios rijos remetem a Ilha de Páscoa, enquanto o restante dela convida ao melhor paradisíaco que aguarda um homem, tesouros a sete chaves

Um comentário:

MPadilha disse...

Existe prazer maior e mais dolorido que aquele que nos proporcionamos na solidão de nosso quarto?
Cara! Muito bom teu texto. Forte, regado de libido, estonteante...
Parabéns!