quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Canto a Noite


Noite, noite que dorme em silêncio,
Noite que menina brinca com estrelas,
Que no frio se esconde entre as nuvens,
E as nuvens que lhe servem como vestes.
Menina noite tão anoitecida de amor,
Vem-me calada, obscura, nua de verdades
Aos sons de corujas ao perfume das magnólias.
As rosas de teus dentes estrelados
Perfumam o hálito adocicado de teus sabores.
Noite fina e leve, morna feita a água do chá,
As ruelas e bares e lugares vazios em mesas
Que postas aguardam os boêmios enoitecidos.
Entorpecidos são os morcegos hematófagos
Que procuram nas caladas as vacas
E o sangue que sugam em mancha obscura,
Profanam a noite num gesto são de sobrevivência.
Noite dona das obscuras profundezas,
Noite som de viola e acordeom,
Noite de rio e de são...
Noite de meninos e meninas...
De pecados e de sabores.
Noite filha mais nova da existência!


Flávio Mello

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