domingo, 7 de dezembro de 2008

DEVORADORES DE ALMAS- FABIO ONEAS


- DEVORADORES DE ALMAS-


Certo dia andava distraidamente, quando notei uma cena curiosa. Algumas pessoas tiravam do bolso um papel amassado para logo em seguida, cabisbaixas; seguirem em uma determinada direção.

Parei junto a uma arvore e acendi meu ‘’baseado’’. Queria descobrir com qual freqüência isso acontecia.
Em poucos minutos, observei seis jovens, fazendo exatamente a mesma coisa. Paravam em algum lugar e levavam a mão ao bolso. Descobriam um papel amassado e seguiam a mesma direção.

Não agüentando conter mais a minha curiosidade, resolvi seguir a sexta pessoa.
Era uma adolescente; não devia ter mais que dezesseis anos. Jeito de doidona, desgrenhada e suja. Eu a conhecia de vista, era da turma do ‘’crack’’.

Ela estava triste, cabisbaixa e algo assustada.
Caminhou até a multidão, reunida em frente a uma sepultura. Aproximou-se da jovem mulher que chorava, descontroladamente.
Jogou-se aos pés dela e começou a gritar: - Mãe me perdoa, estou aqui! Me leva com você, mãezinha...

Ninguém pareceu ouvir suas súplicas. E ela ficou, agarrada às pernas da mulher, implorando ajuda.
Avistei vindo em direção à menina, as quatro figuras sombrias.
Cada uma usava um manto preto, que escondia todo o rosto. Deviam estar há uns cinco metros da menina; mas à medida que se aproximavam, cresciam...

Uma delas soltou um uivo assustador. Pude ver uma parte do rosto que o manto escondia. Os olhos vermelhos sangue, bolas de fogo e maldade.
Bolas de pelo e pus, tomavam conta de toda a extensão do queixo.
Levantei e corri. Ouvi a garota gritando, ela tinha sido capturada. Não tive coragem de olhar para trás.

As pessoas em volta do túmulo, nada perceberam. As figuras medonhas, também não pareciam notá-las. O que elas eram?
Algum tipo de devoradores de espíritos? Se fosse o caso, eu não teria com que me preocupar. Eu estava vivo! Doidão mais vivo.

Subitamente, as figuras tomaram minha direção. Tentei me lembrar o que fui fazer no cemitério, mas não consegui. Que diabos! como eu havia chegado ali?
Levei minhas mãos ao bolso, num ato de nervosismo. Senti algo e puxei. Era um papel amassado.

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