terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Urgência pro nada virar nada



Aquele, mais que um outro qualquer, estava parecendo a ela um dia arrastado, comprido.
Por alguma razão até então desconhecida, não se passavam as cinco horas da tarde... tudo se ficara ali, condensando as vidas: os gritos das crianças, os choros dos bebês, os apelos das mães e pais, as ansiedades, angústias e medos dos velhos. Podia-se dize que o átimo era tudo.
E tudo, do jeito que resultava, que restava, sem retorno possível, nem avanço palpálvel, era um nada.
algo ainda sem história e já sem porvir.
Que diabo seria!?
Que deus explicaria!?
O sol não se movia!
Era só o nada mais o nada mais coisa alguma.
E eu nem me dera conta de tanto.
Fui alertado por aquela senhora afobada, apressada, acelerada, ali a meu lado, embora acomodada em poltrona confortável, em trajes que lhe permitiam as frescas e amenas brisas da beira dágua, à sombra, que o dia era assim arrastado...
Nem desatava, nem atava, não adiantava a ela só estar ali, só parada, refestelada.
Por algum motivo queria ver as horas andando céleres, como se uma fila de segundos e minutos estivesse se amontoando, atrolhados de malas e mochilas, segurando cachorros e papagaios em gaiolas, crianças pelos suspensórios para ir a algum lugar: um guichê, um sanitário, um caixa, um balcão... pegar pão quente... fatiados para o lanche...sabe- lá, chegar primeiro à caçamba virada no lixão... pegar a última gratuita de uma dgustação de chardonay, ou mesmo um picles lançado em demostração pela fábrica ipsilon no corredor atrolhado do supermercado
Eram, pra ela, várias vezes cinco horas da tarde, de um dia arrastado e nada de a vida mudar para qualquer lugar.
A impaciência dela me tocava, já.
Fechei o livro que tentava ler, interrompido pela suas interjições badalada: são cinco horas ainda, são cinco horas ainda, são cinco horas ainda, são cinco horas ainda, são cinco horas ainda... fui caminhando lentamente para a beira dágua... ainda ouvindo ecos de que se arrastava o dia.
Parecendo mesmo que aquele seria um dia fadado aos poucos, raros, escassos, miúdos sucessos.
Um dia sem acontencimentos é assim... arrastado como esse. Nenhum grande tragédia em manchete até às cinco da tarde, aina, nem um morto próximo dali por bala perdida ou facada, nenhum espancamento de menor ou curra de criança por adulto... nada estava acelerando aquele dia, que não saia das cinco da tarde... se arrastava.
Um dia assim sem sucessos, para ela inglório, talvez registrando só fracasssos que a história dele sequer iria permanecer.
Um dia de apenas ser, de existir com calma, até enfarado... quieto.
Registre-se que, para mim, estava, até ouvir aquele quase clamor bravo, um dia perfeito, principalmente porque se tratava de um dia com uma hora a mais.
Adroaldo Bauer

Um comentário:

Wislley costa disse...

bonito texto amigo,um pouco comfuso no começo mais foi legal!!o blog de vcs é exelente vou passar a seguir!!parabéns pelo blog

dá uma passada no meu depois!!!vlw