terça-feira, 2 de junho de 2009

Carta de despedida

Queridos amigos e amigas. Já não sou mais eu quando do relato desta carta. Sei que muitos de vocês estão cansados com seus próprios problemas. Eu também estou com os meus. Amigos, resolvi derrotá-los de uma vez, derrotar minha parca vida de uma vez por todas. Dizer adeus a esta personalidade é o menor dos males do meu jazigo, talvez nem male seja deixar de ser.

Renascer em outro ser, outro corpo e deixar meu passado no passado. Matar minha antiga existência e descobrir uma nova face do mundo, da essência. Olhei pela janela pela última vez, décimo andar desse edifício de 30 andares comerciais. Nunca mais terei essa vista, mas esse fato não dói. É um consolo saber que de hoje em diante o céu será minha morada, em vez de simplesmente um quadro na parede que na maioria do tempo deixei coberto para não atrapalhar o visor do meu computador. Subi no peitoral da janela e gritei: Eu venci!

Planei por alguns eternos segundos, finalmente me senti livre de toda a pressão, dor, mesmo do mundo. Planei mentalmente enquanto imaginava como seria a outra vida. Amanhã seria um novo dia; mas apenas para mim, os outros talvez nunca sentirão a liberade que agora vou experimentar, ah, os outros, estes nunca hão de sentir a liverdade enquanto petrificarem conceitos e definir o que é ser livre.

Eles dizem que são livres, será mesmo? Amigos, nem vocês são livres. Todos vocês, amigos e outros, acham que liberdade é ter poder dentro do sistema social, ou então acham que é se excluir do sistema social porque este encarcera. Há! Liberdade está no micro, não no macro... Enxerguem com seus olhos o que é sentir-se livres. Dou um fígado àqueles que me disserem que não se imaginam felizes sendo livres, para ser o que quiser, viver onde bem entender, plenamente. Essa palavra faz uma falta, não? Bem, descobri apenas agora, no último dia antes de eu completar 50 anos de vida que liberdade é sentir-se feliz com sua própria essência, e a prisão é estrangular a externações de sua essência para servir ao seu achismo superficial. Amigos, eu cansei disso, estou livre! Estou deixando essa carta para que não se preocupem, agora eu sou do mundo, o mundo do circo. Pois é, sou um palhaço profissionalmente agora, cansei de ser palhaço da vida.

Um comentário:

MPadilha disse...

o clima do vale é de morte mesmo, rs
eu mesma escrevi sobre ela no tópico de ontém, agora minha musa aqui faz o mesmo...tem tema mais apaixonante?
beijos mali!