segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

PREDADOR


Aonde o corte sangra e aquela imensa língua banha suas papilas, o sabor se insinua levemente alcalino. Ferida fresca como ele gosta; sangue vermelho vivo temperado à lâmina de aço. Sorve à exaustão, num êxtase frenético. Se a vítima sofre ou morre muito antes, acidifica-lhe o sangue, azeda. Vítimas sugadas enquanto vivas sim, inigualável sensação. Quando consegue do subjugado o gozo, o prazer em conjunto, aí é como se ter em mãos um royal street flash!

Naquela noite, aquela vadia gemia de prazer enquanto a língua penetrava-lhe a carne e ele, sem pressa, bebia-lhe a vida temperada com alcalóides, gota a gota, enquanto a adaga era habilmente manejada em movimentos lentos e rotatórios sem ser retirada da carne, de forma a impedir a coagulação. O rosado da pele dando lugar a uma progressiva palidez para terminar em cianose. A agitação inicial sendo amansada lentamente até a absoluta imobilidade. De gritos e gemidos, ao silêncio terminal. O calor migrando de corpo. No final, uma carcaça de cabelos louros, unhas negras e vulva úmida.

Nesses momentos ele se convencia que era uma evolução da natureza: um Predador que oferecia à vítima o prazer ao invés do terror precedendo a morte. Afinal, predadores são indispensáveis ao equilíbrio da natureza e a raça humana ameaça perigosamente o planeta com seu crescimento descontrolado. Estava apenas cumprindo sua missão.

Um comentário:

Flá Perez (BláBlá) disse...

poxa! sensual e very Lestat! gostei!