Padre Rogério fazia suas últimas preces antes de dormir quando ouviu um barulho vindo de fora, do pequeno cemitério que ficava nos fundos da igreja, próximo a seus aposentos.
Estranhou o avançado da hora, seria alguma de suas ovelhas com problemas querendo sua opinião?
Na pequena cidade era conhecido por todos pela sua generosidade, paciência e sabedoria. Todos o procuravam para um conselho de última hora ou para confessarem seus pecados.
Saindo de seus devaneios, ouviu o barulho novamente, era como se alguém estivesse gemendo ou chorando e alguns passos no chão forrado de neve.
O inverno estendera-se este ano e a cidade ainda estava branquinha como um cartão postal.
Calçando suas botinas e o robe acolchoado, levantou-se da cama com um rangido. Pegou a lanterna em cima da cômoda.
_ O que poderá ser? Disse em voz alta.
Abriu a porta dos fundos que dava para o cemitério e acendeu a lanterna. Estava escuro feito breu.
Na parte mais nova do cemitério pensou ter visto algo. Caminhou naquela direção.
Ah, se aqueles moleques estivessem outra vez bebendo e namorando ele chamaria a policia. Não agüentava mais o assédio de certas tribos que invadiam o local sagrado á noite, sentando nos túmulos, deixando garrafas de vinho e preservativos usados espalhados em todo o local.
O barulho outra vez, agora mais próximo, como se alguém se debatesse e também murmúrios de prazer.
_ Só podem ser eles, pensou.
Mas qual não foi sua surpresa quando avistou um homem alto e forte, com um sobretudo negro que esvoaçava ao sabor do vento gélido, abraçando alguém que ele não conseguia enxergar.
O homem parecia muito compenetrado no que fazia e nem viu o padre se aproximar.
_ Ei voces, saiam já daqui, gritou.
Foi quando o homem parou o que fazia e virou-se para olhar o velho.
O sangue do velho padre gelou nas veias, seus olhos arregalaram-se assustados. O homem tinha a boca toda suja de sangue e uma jovem jazia lânguida em seus braços.
_ Saia daqui velhote, ou encontrará seu fim.
O homem virou-se outra vez para a jovem e continuou a morder o pescoço já machucado e a sugar o sangue quente.
A jovem gemia alto agora, clamando por mais, em total êxtase sensual.
O padre avançou para o sujeito e deu-lhe uma pancada na cabeça com a lanterna, que se espatifou.
Como se não houvesse sentido a pancada o homem largou a jovem deitada em uma lápide e num átimo quebrou o pescoço do velho que caiu ao chão já sem vida.
_ Velho idiota, eu avisei.
Voltou à atenção para a jovem que o chamava suspirando.
_Volte anjo da noite, toma-me inteira, já pertenço a ti.
Sem hesitar o homem misterioso voltou para perto dela e começou a tirar sua roupa deixando-a totalmente nua, a pele branca arrepiada de frio. Deitou-se ao lado dela e a cobriu com o sobretudo voltando a morder, agora os seios redondos, as presas cravando-se na pele macia sugando com prazer, mas devagar, saboreando cada gota do líquido rubro, não queria matá-la tão cedo.
As presas ávidas morderam o corpo inteiro enquanto ela sucumbia ao prazer inenarrável, gemendo e pedindo mais.
Ele então abriu sua calça abaixando-a rapidamente e deitou-se em cima da jovem que se abriu sem pestanejar para que ela a penetrasse.
Teve que tapar a boca dela, pois agora ela gritava de prazer num orgasmo tão intenso que ela quase desfaleceu.
Com estocadas firmes e profundas ele também chegou ao ápice cravando as presas no pescoço já dilacerado e sugando o resto do sangue quente e saboroso até que a jovem morreu em seus braços.
Saciado, recompôs as roupas e saiu do cemitério tão rapidamente que pareceu nunca ter estado ali.
Os dois corpos ficaram para trás.
No dia seguinte foram encontrados por um coroinha apavorado que chamou a policia.
Ao chegarem ao local do crime, os policiais não entenderam nada, não havia vestígios ou impressões digitais. Nunca iriam pensar que fora um vampiro feroz. Colocaram a culpa em algum jovem psicopata daquela turma de góticos arruaceiros que sempre rondava o cemitério.
Como não conseguiram provar nada, enterraram os corpos e arquivaram o processo.
Algumas noites depois, o vampiro voltou para pegar sua nova discípula.
Pâmela, assim que ele chegou, arrebentou o caixão que a prendia e cavou a terra acima dele surgindo nua e bela, mais bela do que antes.
Ele trouxe novas roupas para ela, negras como a noite.
E os dois foram-se noite adentro juntos, assassinos sanguinários em busca de mais vítimas.
E o mistério do sumiço do corpo da jovem nunca foi solucionado.
By Ana Kaya
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