quarta-feira, 12 de maio de 2010

MISTÉRIO NO CEMITÉRIO, UM CORPO QUE DESAPARECE




Padre Rogério fazia suas últimas preces antes de dormir quando ouviu um barulho vindo de fora, do pequeno cemitério que ficava nos fundos da igreja, próximo a seus aposentos.
Estranhou o avançado da hora, seria alguma de suas ovelhas com problemas querendo sua opinião?
Na pequena cidade era conhecido por todos pela sua generosidade, paciência e sabedoria. Todos o procuravam para um conselho de última hora ou para confessarem seus pecados.
Saindo de seus devaneios, ouviu o barulho novamente, era como se alguém estivesse gemendo ou chorando e alguns passos no chão forrado de neve.
O inverno estendera-se este ano e a cidade ainda estava branquinha como um cartão postal.
Calçando suas botinas e o robe acolchoado, levantou-se da cama com um rangido. Pegou a lanterna em cima da cômoda.
_ O que poderá ser? Disse em voz alta.
Abriu a porta dos fundos que dava para o cemitério e acendeu a lanterna. Estava escuro feito breu.
Na parte mais nova do cemitério pensou ter visto algo. Caminhou naquela direção.
Ah, se aqueles moleques estivessem outra vez bebendo e namorando ele chamaria a policia. Não agüentava mais o assédio de certas tribos que invadiam o local sagrado á noite, sentando nos túmulos, deixando garrafas de vinho e preservativos usados espalhados em todo o local.
O barulho outra vez, agora mais próximo, como se alguém se debatesse e também murmúrios de prazer.
_ Só podem ser eles, pensou.
Mas qual não foi sua surpresa quando avistou um homem alto e forte, com um sobretudo negro que esvoaçava ao sabor do vento gélido, abraçando alguém que ele não conseguia enxergar.
O homem parecia muito compenetrado no que fazia e nem viu o padre se aproximar.
_ Ei voces, saiam já daqui, gritou.
Foi quando o homem parou o que fazia e virou-se para olhar o velho.
O sangue do velho padre gelou nas veias, seus olhos arregalaram-se assustados. O homem tinha a boca toda suja de sangue e uma jovem jazia lânguida em seus braços.
_ Saia daqui velhote, ou encontrará seu fim.
O homem virou-se outra vez para a jovem e continuou a morder o pescoço já machucado e a sugar o sangue quente.
A jovem gemia alto agora, clamando por mais, em total êxtase sensual.
O padre avançou para o sujeito e deu-lhe uma pancada na cabeça com a lanterna, que se espatifou.
Como se não houvesse sentido a pancada o homem largou a jovem deitada em uma lápide e num átimo quebrou o pescoço do velho que caiu ao chão já sem vida.
_ Velho idiota, eu avisei.
Voltou à atenção para a jovem que o chamava suspirando.
_Volte anjo da noite, toma-me inteira, já pertenço a ti.
Sem hesitar o homem misterioso voltou para perto dela e começou a tirar sua roupa deixando-a totalmente nua, a pele branca arrepiada de frio. Deitou-se ao lado dela e a cobriu com o sobretudo voltando a morder, agora os seios redondos, as presas cravando-se na pele macia sugando com prazer, mas devagar, saboreando cada gota do líquido rubro, não queria matá-la tão cedo.
As presas ávidas morderam o corpo inteiro enquanto ela sucumbia ao prazer inenarrável, gemendo e pedindo mais.
Ele então abriu sua calça abaixando-a rapidamente e deitou-se em cima da jovem que se abriu sem pestanejar para que ela a penetrasse.
Teve que tapar a boca dela, pois agora ela gritava de prazer num orgasmo tão intenso que ela quase desfaleceu.
Com estocadas firmes e profundas ele também chegou ao ápice cravando as presas no pescoço já dilacerado e sugando o resto do sangue quente e saboroso até que a jovem morreu em seus braços.
Saciado, recompôs as roupas e saiu do cemitério tão rapidamente que pareceu nunca ter estado ali.
Os dois corpos ficaram para trás.
No dia seguinte foram encontrados por um coroinha apavorado que chamou a policia.
Ao chegarem ao local do crime, os policiais não entenderam nada, não havia vestígios ou impressões digitais. Nunca iriam pensar que fora um vampiro feroz. Colocaram a culpa em algum jovem psicopata daquela turma de góticos arruaceiros que sempre rondava o cemitério.
Como não conseguiram provar nada, enterraram os corpos e arquivaram o processo.
Algumas noites depois, o vampiro voltou para pegar sua nova discípula.
Pâmela, assim que ele chegou, arrebentou o caixão que a prendia e cavou a terra acima dele surgindo nua e bela, mais bela do que antes.
Ele trouxe novas roupas para ela, negras como a noite.
E os dois foram-se noite adentro juntos, assassinos sanguinários em busca de mais vítimas.
E o mistério do sumiço do corpo da jovem nunca foi solucionado.

By Ana Kaya

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