quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Sinais do fim

Detalhe de O jardim das Delícias,  de Hieronymus Bosch



Tarde demais autoridades e pessoas outras envolvidas atentaram para o fato de que a pressão liberada era demasiada. Nenhuma ação preventiva fora adotada. Qualquer paliativo de contenção da vazão resultava inócuo. O ambiente gelado, de baixas temperaturas intoleráveis, a profundidade colossal, o equipamento precário, a falta de coragem pessoal mesmo, tudo conjurava a favor da catástrofe em andamento. A morte rondava apressada a vida de qualquer semovente. Tudo seria extinto em horas, talvez em poucos dias nada restasse vivo numa geografia imensa, incalculável. O pavor crescia na proporção geométrica da inépcia. Quaisquer novidades eram ainda cada vez mais aterrorizantes. Aquilo era o divisado por Bosch, Dante e João, junto. Talvez pior. A agonia, agora acelerada, de tudo. O fim vindo a furo pela incompetência técnica. A vida se acabando desastre após desastre na exploração de poços submarinos de petróleo, o combustível resultante da vida que há muito se acabara, o fóssil de uma era outra engolindo a que ainda é.

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