quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Diário de uma vampira - Capítulo 2

Saudações Mortais,

Cá estou novamente para postar alguma obra de minha autoria. Gostei deveras do texto anterior e cheguei à conclusão de que seria coerente continuar com a história. Então, escrevi o segundo capítulo.
Esta história é completamente inédita, criada especialmente para este blog muito elegante.
Bem, fico por aqui. Espero que apreciem a continuação.


Diário de uma vampira

Capítulo 2

            Quando acordei, não vi nada e levei algum tempo para compreender que eu estava deitada em um caixão. Rapidamente ergui os braços e empurrei a tampa com uma força que não sabia que tinha e por pouco não a arremessei do outro lado do aposento.
            Estava atordoada com o que estava acontecendo. O aposento estava às escuras, mas por alguma razão inexplicável, eu enxergava tudo como se fosse de dia.
            Senti uma leve tontura e fechei os olhos para tentar recuperar o equilíbrio. Percebi que estava com muita sede. Não uma sede comum, de água, mas sede de algo maior, que eu não sabia identificar o que era. Tentei engolir, mas não tinha saliva. Minha garganta arranhava e doía cada vez que o ar passava por ela.
            Quando pensei em sair do caixão, eu já estava em pé ao lado dele. Não tenho a menor ideia de como me movimentei tão rápido. Então a cena no cemitério veio nítida à minha mente e eu visualizei o ser de olhos negros como azeviche. Ele era um vampiro e havia me transformado em um também.
            E agora? O que é que eu faria da minha vida? Como explicaria à minha família que eu havia me tornado uma criatura das trevas?
            Uma pontada em meu estômago fez com que eu lembrasse que precisava matar a sede para eliminar a dor terrível em minha garganta. Olhei todo o aposento e não encontrei garrafa alguma com água. Eu precisaria sair para buscar algo para beber.
            Outra pontada mais forte em meu estômago obrigou-me a curvar as costas e cruzar os braços em torno de mim, como se isso amenizasse a dor que vinha em ondas cada vez mais rápidas. Não suportei e caí de joelhos no chão. Que dor era aquela tão forte e poderosa quanto a mordida que me transformou? E por que eu não tinha forças para levantar e procurar algo para beber?
            — Que bom que acordou — ele disse surgindo misteriosamente de um canto do aposento. — Trouxe algo para você. — Comunicou e esticou o braço esquerdo para o lado e eu pude ver que ele segurava um rapaz pelo pulso, que parecia estar completamente sem noção do que acontecia à sua volta. — Vamos — ele ordenou a mim — faça o que tem de fazer — e arremessou o rapaz aos meus pés.
            Dei um passo para trás por instinto e fiquei olhando o jovem quase inconsciente. Respirei fundo e um cheiro muito atrativo invadiu minhas narinas fazendo com que a dor em meu estômago ficasse mais forte. Olhei novamente para o rapaz atirado no chão e constatei que havia um corte em sua garganta. O sangue escorria lentamente pelo ferimento e eu fiquei fascinada pelo líquido vermelho. Minha gengiva começou a coçar muito e quando passei a língua pelos meus dentes, senti que os caninos estavam bem maiores que os outros. E estavam afiados também.
            Não sei dizer ao certo o que foi que aconteceu, pois minhas lembranças falham nesse momento. Só sei que depois que os meus caninos cresceram, não pensei em mais nada e avancei no rapaz. Mordi o pescoço dele com tanta força que arranquei um pedaço de carne e, quando o sangue escorreu em minha boca senti todo o meu corpo relaxar. A dor no estômago sumiu de repente e eu fiquei bem de novo.
            Quando não havia mais sangue para beber, afastei lentamente meus caninos do pescoço do jovem e fiquei sentada ao lado do cadáver respirando fundo como se me recuperasse de um esforço muito grande.
            — Ótimo — ele disse olhando-me de cima. — Agora que se alimentou, vamos seguir com o aprendizado — falou estendendo a mão para mim.
            Olhei para ele e de repente senti muita raiva. O que é que ele queria afinal? Fazer algum tipo de treinamento vampírico comigo? Levantei do chão e parei de frente para ele, olhando firme em seus olhos verdes brilhantes.
            — Não quero treinamento algum! — Gritei furiosa. — O que está acontecendo aqui é um absurdo! Você praticamente me raptou e agora quer que eu esqueça a minha vida? A coisa não funciona desse jeito! Preciso voltar e ver como eles estão. Tenho de dizer a eles que eu estou bem!
            Ele permaneceu em silêncio sem esboçar reação alguma e isso me irritou mais ainda. Olhei rapidamente para o cadáver estraçalhado no chão e senti culpa por ter sido eu a responsável pelo assassinato brutal. Voltei a encarar os olhos verdes brilhantes dele e disse:
            — Certo, se você não quer conversar, tudo bem. Farei do meu jeito e encontrarei uma forma de voltar para minha família. Não preciso de sua ajuda — declarei cruzando os braços.
            Ele continuou me olhando e, em fração de segundos, se transformou e eu não tive tempo algum para me defender. Ele segurou meu pescoço com força e me empurrou contra a parede do outro lado da sala. Confesso que tentei me soltar, mas não estava forte o bastante para lutar contra Victor.
            Ele rosnou para mim, mostrando os caninos afiados e disse enquanto apertava mais a mão em meu pescoço:
            — De agora em diante, você não tem mais família, não tem mais amigos, não tem uma vida mortal. Esse é o seu Destino e você não pode escapar dele. Você sempre desejou isso e agora que tem, não quer mais?
            Respirei fundo algumas vezes para recuperar o fôlego e argumentei:
            — Mas e a minha vida? Jamais achei que isso fosse acontecer... Sempre me senti conectada às forças ocultas, mas nunca imaginei que teria de renunciar a tantas coisas para chegar até aqui!
            Victor sorriu de forma misteriosa e disse:
            — Quando se cultua algo desse tipo, sempre é preciso renunciar alguma coisa muito preciosa para nós. É o preço que pagamos por essa escolha. Agora, sua única preocupação é aprender comigo como viver como um vampiro e, quando você estiver pronta, servir a Ele.
            — Ele? — Indaguei com a voz fraca devido ao aperto em minha garganta. — Ele quem?
            Victor voltou ao normal, soltou meu pescoço e disse com muito respeito:
            — Aquele que você cultuou desde o princípio sem saber ao certo quem era e cuja alma sempre foi dele: Lúcifer.
 

     Despeço-me por aqui. Até o mês que vem.
    Ósculos e amplexos,


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