terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Sombras



   Outro tipo de pessoa vaga a noite pelos becos, pelas ruas. Nos mesmos lugares onde a senhorinha passou devagarzinho, na mesma calçada da padaria onde crianças buscavam o pão e as mães levavam seus filhos à escola.
   Outro tipo de pessoa olha para você a noite, com um interesse desmedido, descabido, diabólico, basta passar, ser presa de um olhar.  Nos mesmos lugares onde corriam apressados homens na luta rumo ao trabalho, aos deveres ou de volta aos lares.
   A noite o olhar é de consumidor, numa abstinência mortal, que forma novos delinqüentes ou novas covas num cemitério super lotado.  Fome de “coca”, que não é mais refrigerante, que assume novo significado.  “Cola”, só de sapateiro!
   A noite o olhar é de vendedor querendo enriquecer a qualquer custo, mesmo acabando com a juventude, mesmo consumindo pessoas como carne de sol, esquecendo que a noite tudo que reluz é ouro, porém tudo que vai, volta.
   A noite o olhar é pervertido, animais escondidos pela luz do dia, saem a caça de meninas e meninos desavisados, coitados, vão conhecer o pior do sexo,  sem amor, dos bichos papões travestidos de gente. Que gente que nada...
   Cuidado! Abra o olho! O dia está se pondo... Reze para não acabar num parque, semi nu, com os olhos esbugalhados e frios.
   O dia está se pondo! Arrume um namorado, entre para os normais do dia e viva a noite somente nas sombras. Como todos, como sempre, como num carnaval, onde se pode ser o que se é sem esconder a máscara.


Me Morte

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