domingo, 24 de fevereiro de 2013

RESTAM ESTRELAS NO CÉU


Anunciado paraíso tragado pelo abismo.
Uma antiga Atlântida soçobrada, 
nada, morre na praia o almejado Xangri-Lá. 

De atalaia, Cupido morre de dar risada: 
outro bobo ferido da morte anunciada. 
Cabeça rodando mais que os casais 
no Arraial de Isabel, limpa da poeira, 
longe da zoeira, a alma sangra mais. 

Aflitas acorrem pessoas, aos gritos:
- Não morre, não morre, de amor aflito! 
- É porre, é porre, gaito ecoa o pito. 

O amor não pede licença, 
se instala se acomoda, se arrancha, se assenta. 
Dane-se quem ama, se não é amado. 
Continua esperando o trem, sentado. 

Foi plantar batata, o vento bateu a porta. 
Trancado dentro do mundo, fora de casa, 
respira pouco e fundo, pouco importa:

Nenhuma fruta caiu do pé agora, José. 
É por ser homem e amar que choras, 
então não importa mesmo, 
pois amas no plural, de modo incondicional, 
sem reparar o velho coração rasgado nem. 

Segue a senda sendo sem tormento: 
evite açúcares, gorduras e fermentos, 
beba bom vinho, até antes do porre.

Sim, amas, mas de amor não morres. 
Murcha teu ego, como já é tua boca 
e espera na beira do mar a pescar 
ou vê a vida passar, breve e louca. 

Quando menos por conta te deres, 
uma onda te leva na volta da seta. 
Sem mapa, nem superpoderes, 
restam ainda nos céus as estrelas.

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