Anunciado paraíso tragado pelo abismo.
Uma antiga Atlântida soçobrada,
nada, morre na praia o almejado Xangri-Lá.
De atalaia, Cupido morre de dar risada:
outro bobo ferido da morte anunciada.
Cabeça rodando mais que os casais
no Arraial de Isabel, limpa da poeira,
longe da zoeira, a alma sangra mais.
Aflitas acorrem pessoas, aos gritos:
- Não morre, não morre, de amor aflito!
- É porre, é porre, gaito ecoa o pito.
O amor não pede licença,
se instala se acomoda, se arrancha, se assenta.
Dane-se quem ama, se não é amado.
Continua esperando o trem, sentado.
Foi plantar batata, o vento bateu a porta.
Trancado dentro do mundo, fora de casa,
respira pouco e fundo, pouco importa:
Nenhuma fruta caiu do pé agora, José.
É por ser homem e amar que choras,
então não importa mesmo,
pois amas no plural, de modo incondicional,
sem reparar o velho coração rasgado nem.
Segue a senda sendo sem tormento:
evite açúcares, gorduras e fermentos,
beba bom vinho, até antes do porre.
Sim, amas, mas de amor não morres.
Murcha teu ego, como já é tua boca
e espera na beira do mar a pescar
ou vê a vida passar, breve e louca.
Quando menos por conta te deres,
uma onda te leva na volta da seta.
Sem mapa, nem superpoderes,
restam ainda nos céus as estrelas.
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