Está o lobo à margem uma do riacho a mastigar sobras do repasto.
Pelas costas lhe pergunta um cordeiro:
- Por que mataste e comes o meu irmão?
Voltando-se, surpreendido com o tom manso da incisiva questão, vinda de quem vinha e de lugar considerado impróprio - a margem sua, que a dos cordeiros era a outra -, o lobo recorre à evasiva:
- Que irmão?
Das fauces arreganhadas inda escorre sangue fresco, mesmo uma parte do animal abatido ainda está exposta fora da bocarra lambuzada.
- Esse aí, de quem ainda trituras os ossos, acrescenta o cordeiro, deixando o lobo atônito, surpreendido tal Caim.
(A história não tem fim, as margens certas podem trocar de sinais. Cordeiros não falam... sequer peguntam. Já, lobos, vez por outra fazem papel bobo).
Bem vindos ao Cemitério do Vale das Sombras. Uma Necrópole de nossos textos sombrios. Aqui só crônicas, poemas, contos e tudo no bom e velho estilo gótico de viver. Falou de morte? Poste aqui. Tristezas? Raiva? Contos macabros? Fábulas assombrosas? Temas exóticos? Textos fantasmagóricos? Aqui não tem meio sorriso, sorriso inteiro, só choro e sobrenatural. Venha fazer parte das almas atormentadas do Vale das Sombras.
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