terça-feira, 10 de junho de 2008

Na morte de Daia


Sinto muito
Por todas essas coisas
Sem sentido.

Sentado ao seu lado
Atento e calado
Coloco meu ouvido
Em seu lindo lábio lacrado.

É claro que eu quero
Que fique datado
Que nada duvido
Do que ouvir
Por ti,
Ditado
Neste estado.

Estou dado a cada verbo
Cada signo indecifrado
Qualquer ouro feito verso
Ou mesmo um som inacabado

Que venha do seu corpo
Horizontalmente postado
Em seu momento absorto
Nesse caixão decorado
Em branco e dourado.

Todo cercado
Com margaridas tristes
De inverno.

Chistes
Do inferno
Que ontem vistes.

Eu não consigo acreditar
Que esse retângulo
Revestido de mármore
Será seu novo lar.

Eu lhe trouxe jasmim.
Chorar eu não consigo
Morrer sim.

Ninguém irá chorar por mim.
Não consigo imaginar
Um melhor fim.

2 comentários:

MPadilha disse...

Meu vira-lata se superou agora!
Lindamente gótico! Muito bom! Cara, não é a toa que te amo.
bjos

Carlos Reis disse...

Bem legal...

Sombrio e gótico!!!!

Parabens


Beto Reis