sábado, 19 de julho de 2008

Amor em 3 atos- giselle Sato


Ela - Carta ao Amado.

Meu amor,
Estou tão cansada, a vida perdeu o sentido depois que você me deixou. Juro que tentei perdoar, mas as promissórias das nossas dívidas não paravam de chegar. Os telefonemas de cobranças, os agiotas de plantão na porta da nossa casa, as ameaças dia e noite.

Procurei por você em todos os lugares que freqüentávamos e ninguém sabia dizer seu antigo endereço ou qualquer detalhe da sua vida. Entendi que fui ingênua acreditando em tantas mentiras, que deveria ter investigado seu passado antes de ter aberto a porta da minha casa.

Frágil, carente, recém viúva e ainda jovem o suficiente para atrair seu desejo. Em poucos meses gastamos em farras a fortuna do falecido. As jóias de família penhoradas para construir suas excentricidades.

Vez por outra você desaparecia sem qualquer explicação. Com medo de te perder jamais fiz exigências e cobranças. Aceitava as migalhas do teu amor e isso me bastava.

Vivíamos reclusos e aprendi a amar as noites. Saíamos pelas ruas de madrugada, era como se o mundo parasse para nós. Nunca temi nada ao seu lado, desafiamos o perigo mil vezes, éramos inatingíveis.

A paixão me consumiu, respirava seus passos, atormentada em súplicas. Tornei-me uma mulher viciada em seus fetiches. Nos jogos amorosos, na urgência jamais suprida, no limiar do gozo insaciável.

Era sua escrava, suplicando que aliviasse meu tormento. Sinto tanto sua falta. Aqui é frio e solitário. Sou uma mulher morta sem você e vivo de lembranças. O desespero e a saudade consomem meus dias. Tudo que desejo é a morte.
Com amor,
Ana.


A história por trás do bilhete.

A polícia revirou a cela e não encontrou nenhuma evidência. Uma gilete e o bilhete apontariam o suicídio mas não haviam lesões.

O corpo da mulher era uma máscara de horror. Sem uma gota de sangue, parecia um boneco de cera em posição macabra. Completamente retorcida, a boca escancarada em um eterno grito de horror.

Um completo mistério que o delegado tratou de encobrir. A família ficou aliviada com a notícia do suicídio e não exigiram qualquer explicação.


Ele- Um homem da noite


Em um piano bar exclusivo,na cidade que nunca dorme, Domênico tocava melodias italianas ao piano.

A figura incomum ao piano atraía todos os olhares. O pequeno salão lotado de casais extasiados. Ele tinha o poder de despertar os sentidos.

Isto era mais que perfeito para atrair qualquer mulher.
Dom analisava todas as possibilidades, sentia o cheiro de cada uma, o som do sangue fresco circulando no corpo macio, o tremor do desejo mal disfarçado em olhares cobiçosos.

Por um minuto, pensou ter visto Ana, sua quase assassina. A pobre coitada, descarregou a pistola em um homem inocente, um sósia quase perfeito.Frequentador do piano bar que adorava explorar a semelhança para conseguir mulheres.
Infelizmente mortal.

Dom agradeceu os aplausos. Ana era mais uma alma perdida na coleção do Vampiro.

Apenas...um fantasma a mais...

2 comentários:

Ana Kaya disse...

Bravo, bravo, bravíssimo.
Maravilhoso, intrigante e tem vampiros não precisa mais nada.
Mais a magia que tens de teu dom maravilhoso tranformou tudo num texto maravilhoso que eu adorei ler, a gente começa e não quer parar mais.
Que lindoooooooooooooo.
Beijos Gi.

Giselle Sato disse...

Ana, a personagem é uma homenagem às amigas que adoram historias de vampiros, Ana kaya e Jana.
Foi a primeira mas eu amo Lestat e quero escrever alguma coisa sobre ele. Bjs meninas e obrigada pela força