quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Cateter



Nestas profundezas em que habito
Já não moram mais lirismos
Mas um canudo de borracha
Alertando a fragilidade dos órgãos
Um hospedeiro exibido em radiografia

Na noite em que me derramei
Não foi poético
Foi líquido sujo e cansado
De um corpo doente
Em poente descascado

A anestesia que me roubou o corpo
Não era apenas metáfora
Mas substância poderosa
Mergulhando as pernas
Como rosas paralíticas

A obsessão não era mais caligrafia
Nem a morte hipótese paranóica
Se meu corpo chorava em cama de hospital
Escondido em filmes bobos e comida sonsa
Picadas,soro,orações e azias
A asfixia e a tontura
Não eram mais lenitivas

A bandeira de carne na janela do medo
Desta vez não era segredo
E a temperatura vazando barreiras
Não era mais surpresa
Da minha caixinha

Quinze copos de água
lavam minha ternura




2 comentários:

Ana Kaya disse...

Menina de ouro, maravihosa, incrível, adoro o que vc faz, vc é como a Me me diria, visceral.
E tem muita coisa em comum com o que sinto e penso.
Te adoro Ritinha, vc é demais que bom que voltou.
Beijos com carinho
Adorei seu texto, lindo como sempre, triste, mas real.

Ivy Gomide disse...

Olá medusa, gostei do seu poema. n sei se vc teve a oportunidade de um dia estar em uma destas camas hospitalares.. não sei se o q escreveu está pinçado na fantasia, mas o poema é tenso como a cama de um hospital.

Gstei muito desta parte:
...
Na noite em que me derramei
Não foi poético
Foi líquido sujo e cansado
De um corpo doente
Em poente descascado
...

Na minha opinião eu apenas reduziria, tvz eu formatasse com menos linhas, mas o poema é seu e é obvio que vc o sente assim
PARABÉNS

BJUS,IVY