terça-feira, 14 de abril de 2009

CULLEN’S

A descrição da perfeição ainda pulsava em minha mente. Os relacionamentos intensos e plenos de integração vibravam em cada célula de meu dilacerado e imperfeito ser. A indignação por contemplar aquele filho tão soberbo ao mesmo tempo em que me feria a dor de saber que não fora gerado em meu âmago.
Em tudo apenas o gosto amargo de estar excluído daquele mundo harmônico e perfeito. Mesmo tendo o conhecimento de que a verdade era muito mais crua e totalmente diversa da ilusão apresentada, a insatisfação em não fazer parte daquele círculo era tão gigante que a mente recusava-se a voltar à realidade.
Muitas teorias assomavam a razão claudicante. Ciências experimentais, ficção cientifica, fantasia pura, magia, delírio... fosse que expediente fosse, algum deles deveria ser o caminho para chegar ao único lugar onde me sentiria verdadeiramente em casa.
A recusa em viver a realidade e o delírio febril em poder fugir à mediocridade de um existir sem nexo e insosso, convergiam para um rompimento iminente com tudo que estivesse relacionado à realidade. O estado catatônico seria o portal que levaria esta insignificante e solitária nulidade ao mundo de sua ansiedade.
Um último lampejo de razão rasgou o manto obsessor da demência. A verdade por trás da existência destes seres imaginários e lendários. Que se danasse a faceta condenável e infame que os verdadeiros sugadores de energia possuiam, não era para este mundo de seres malditos que eu estava indo, o mundo que buscava era simplesmente o supra-sumo de tudo que existia.
Inerte em um altar à angústia que consumia minha miserável existência, concentrei minhas energias na insanidade de meus desejos e ignorei os conceitos arduamente assimilados por meu âmago. Como último ato de revolta e desespero, reneguei tudo que até então tinha como verdadeiro.
Um turbilhão voraz dominou o ambiente lançando meu corpo para um deslocar sem controle. Tanto podia encontrar meu tão desejado objetivo quanto desfazer-me contra um obstáculo intransponível, mas eu estava disposto a correr o risco. Qualquer destino seria mais aceitável do que permanecer sendo um nada.
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continua AQUI
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Uma pequena reverência a obra começada por "Crepúsculo"!

Um comentário:

MPadilha disse...

caraca! muito bom teu texto!