Vermelho de periferia
Cor do barro dos blocos
Barracos em alvenaria
Quando nasci isso já era assim
Morros e morros no mesmo tom uniforme
Vida que se adapta, meu sonho é inacabado
Uma vida de conquista, camisa suada
Asfalto na porta, uma conduça bem perto
Filho na escola e agora água encanada
A vida é longa se não se aposenta
Não prova os anos e ainda cria os netos
Agradece na igreja, evangélico de esquina
Direito ao céu, não sobra nem pra criança
Quita carnê, casa Bahia é quem salva
Não deve nem teme e anda limpo no gueto
Mas tem o filho e tudo ainda mais prolonga
Distância que assola para além dos limites
Gente que ama, que a vida multiplica
Entre esses jovens, há o que vende a paz
Sonho de poder, atalho pra grana
Não a política se aqui ele é muito mais
Dos outros morros vem a puta disputa
São becos, botecos, pedágio e mais tretas
Segura esse bagulho, ou então não se meta
Um paga pau por liberdade restrita, o perímetro
Rei do esquema, aqui cospe na cara
Não passa de um verme, uma isca pra tira
Outros dois manos de quem hoje não ligo
Um se acertou e sumiu dessa área
O mais esperto comprou e encontraram na vala
Abaixa o guelo numa moto que passa, o cara
É o tom do barro mais o tinto do sangue
Porta de banco, em pobreza não amarra e fala
Este vermelho é a periferia
E nesses blocos dá pra ver os pipocos
Aqui miséria é menor se for em alvenaria
Eu dou um tombo, nesse grupo não caio
Não sou político, mas eu monto na grana
Saio daqui, ou então eu morro tentando.
Vermelho de periferia
A cor do barro dos blocos
Barracos em alvenaria
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