terça-feira, 22 de setembro de 2009

A FLORESCÊNCIA NO CENTRO CULTURAL JABAQUARA





Nel mezzo del camin di nostra vita... e assim como nos belos versos de A Divina Comédia, de Dante Alighieri, no meio do caminho para o litoral paulista, surgiu o Sítio da Ressaca, um conjunto arquitetônico bem ao gosto rural embalsamado pela ressaca do mar. Ali atualmente se encontra o Centro Cultural Jabaquara, um belíssimo centro cultural que abriga: a casa do Sítio da Ressaca, a biblioteca Paulo Duarte, o teatro e a belíssima área verde. No dia 12 de setembro de 2009, sábado, no aniversário natalício de Álvares de Azevedo e às vésperas do equinócio de primavera, ocorreu o Primeiro Sarau de Primavera produzido pelo professor Rogério Temporini e pelo grupo teatral Novos Fulanos, companhia vocacional, mas titular do espaço onde ocorreu o evento.



A apresentação obteve uma quantidade significativa de público e apenas uma atração com a música “As Rainhas do Rádio” foi cancelada. O sarau começou às 15h e foi presidido pelo poeta e ator David, do grupo Novos Fulanos. Quanto ao espaço propriamente falando, começou na área verde, num território atrás da casa do Sítio da Ressaca e ao lado da biblioteca Paulo Duarte e terminou no saguão do Centro Cultural. O Coral Conservatório Vila Mariana tocou três músicas, dentre elas o sucesso popular A Capela, na abertura. Em seguida o poeta Alê Santos recitou poemas de própria autoria e um texto de Pablo Neruda sobre o Rio de Janeiro. Em seguida, o grupo Novos Fulanos trabalhou com teatro de mamulengos uma adaptação de “ A inconveniência de ter coragem”, primeiro ato de “A pena e a lei”, peça de Ariano Suassuna. Do ambiente popular nordestino o espetáculo foi parar na Espanha com a viola flamenca de Caio Rothje mostrando o caráter pluricultural de um evento artístico e comunitário. Osmarina Mendes entrou em cena com Fernando, ambos do grupo Novos Fulanos, para representarem um trecho de “ Por Causa da Tina”, peça muito engraçada de Arthur Azevedo. A tarde prosseguiu com as intervenções musicais, Zilda, Maycow & Maricene, Malu, artistas de Rogério Temporini em belas músicas e melodias.


Aproximadamente às 16h45min, houve um momento para o público apresentar algo. Inicialmente, muitos se mostraram tímidos, mas assim que surgiu o primeiro artista a querer fazer algo, vieram outros. Mara improvisou um cordel, Luiz cantou com Osmarina que por sua vez também declamou poesias de autoria própria, um texto de Hannah Carolina e imitou a cantora Roberta Miranda. O ponto alto do evento foi a conversão da primavera paulistana numa tarde de verão árabe com a Companhia de Dança Flores de Lótus. Aíne Aymelek e sua bailarina fizeram um grande espetáculo de dança do ventre dividido em três momentos. Primeiramente, ocorreu a dança o ventre tradicional em seguida a dança do punhal que segundo Aymelek explica: “A dança do punhal que executamos, significa a morte, pois era dançada para a Deusa da Morte, mas olhamos a morte de uma outra forma...” E para finalizar a dança do ventre, houve uma dança coletiva chamada dabke numa roda envolvendo a platéia, trata-se de uma dança onipresente nas festas árabes. Aymelek brincou: “Esfiha e dabke não podem faltar”.


O fim do evento foi marcado por mais uma manifestação literária, o contador de causos Eufra Modesto. Ocorreu a apresentação do Coral Vozes Fraternas, regido por Temporini e arrancando inúmeros aplausos. Depois, foi minha vez. Eu, Rommel Werneck, declamei três sonetos, sendo dois meus e um do escritor Buno Fagundes Valine do blog Poesia Retrô, o blog que presido. A leitura de Dormindo foi ofuscada pelo barulho do avião que passava no local, o que não aconteceu felizmente com a leitura dos outros dois textos cujas performances estão em vídeos. Depois, David leu poemas num repertório acompanhado por músicas de fundo de bandas, dentre elas, Tears for Tears. Temporini e grupo realizaram mais uma intervenção musical finalizando o sarau na área verde no início da noite. O fim propriamente do evento foi o lanche comunitário organizado por todos que permitiu a confraternização de artistas e platéia.


O que mais se destaca num evento como este é a promoção social e cultural. Não são apenas as apresentações artísticas que merecem aplausos. Há algo mais belo, há um trabalho em equipe para organizar e divulgar o evento respeitando as diferenças e somando as semelhanças. Há o resultado do evento, as pessoas que saem de lá saem diferentes de como entraram, elas aprendem algo e compartilham o conhecimento. Há uma retomada cultural muito significativa porque em pleno sábado pessoas assistirem performances de dança do ventre e declamação de poesia retrô num espaço cultural, por exemplo, é realmente algo fantástico. Sábado é consagrado pelo consumismo como dia das compras e a mídia destrutiva rouba as atenções no dia do descanso. Floresceu no Centro Cultural Jabaquara um importante evento para retomar o conhecimento no renovar da primavera.



Rommel Werneck






VÍDEOS:






JOIA AO VIVO


http://www.youtube.com/watch?v=ZDWoSaIZUoE



O OURO E A PRATA ÀS MAIS SACRAS ESCULTURAS AO VIVO


http://www.youtube.com/watch?v=LcVy8vB-Jek


Malu e Rogério - Sarau da Primavera


http://www.youtube.com/watch?v=6tG8wCPVvMM&feature=player_embedded



Zilda - Sarau da Primavera


http://www.youtube.com/watch?v=mUE6TfOZe-E&feature=player_embedded



Maricene e Maycow - Sarau da Primavera


http://www.youtube.com/watch?v=cklLhiLXUfM&feature=player_embedded


Eufradísio Modesto Filho- O saco e o papo


http://www.youtube.com/watch?v=rD-dbrwkZlM


FOTOS EM: www.novosfulanos.blogspot.com



Extraído de: http://www.opiagui.com.br/2009/09/a-florescencia-no-centro-cultural-da-jabaquara/

Um comentário:

Principe Encantado disse...

Vim lha fazer uma visita pois me deu saudades e quero lhe deixar a seguinte palavra:A amizade nasce no momento em que uma pessoa diz para a outra 'O que? Você também! Pensei que eu era o único.
Abraços forte