quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Rua estreita




O calçamento da rua estreita, desgastado por séculos a mais, foi caminho a muitos lugares diferentes. Desceu ao porto, rudimento e carroças, pés descalços o traçaram num percurso vão. Elevou-se elite, reflexo de suas negras carruagens, onde ninguém nunca pisou. Multidão, aos bondes futuros, nascedouro da pressa desse encontro inútil, que antes mesmo, ficou. A fuligem soberba das chaminés do incremento, que prometeu outro tempo e nem a si suportou. Testemunha, ladrões, por corridas noturnas, por sua baixa perícia num silêncio cúmplice, que também se passou. Uma rua que foi possuída pela noite, nas entradas furtivas em misteriosos perfumes, aposentos discretos, sem amor.
Séculos. Consumidas pedras da vida urbana, suportou a história do que não adianta, mas ainda pôde, em passos marcados de indulgência, aceitar a graça. Sentido em ser o caminho, nos passos pequenos de pés femininos, descalços, quando dela se servem na sua volta extrema.
Sandálias e o brilho, mais um doce no sorriso entre róseas maçãs. Gentilezas e um verso, pétalas abatidas; do álcool, gargalhadas, e dessas pedras madrugadas, que a sentem em seu âmago, por esparsas lágrimas entregues ao seu pó, em pisadas macias, suaves à essa rua, que viu tantas e tristes histórias e lamenta, quando deixa atrás de si, as mesmas pegadas em direção à alvorada. Para quem se dá às tantas danças da noite, mas que, sempre volta só.

Até amanhã...


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2 comentários:

Pedro Moreno disse...

Ficou ótimo. Parabéns...

Anônimo disse...

Oi Me,
Tem um selo pra vc lá no meu blog. Dá uma conferida:
http://mundodarkness.blogspot.com/2009/09/selo-este-blog-tambem-e-cultura.html

Eu já tinha vindo te avisar sobre este selo, mas postei na caixa de chat e acho q deve ter dado erro, pq sumiu O.o
Num faz mal, voltei pra te entregar o selo, espero q goste.
Bjks,

.::Clau::.