domingo, 24 de janeiro de 2010

Luto pelo povo daqui e do Haiti

I
Canto porque estou triste, malcontente
E a minha vida pouca, incompleta,
Assim choro e sofro, sou apenas poeta.
Irmão dos mortos, feridos e sobreviventes
De aqui e do Haiti
Dias de tormento varando as noites
Ao açoite do vento,
Do pranto da agonia do lamento
Tudo desabado, espedaçado
Desfaço-me de mim, não passo daqui, mais não fico
Se a canção é tudo, o sangue tanto, canto é acalanto.
Só o amor não me deixa mudo, atoleimado
Canto muito por isso, injuriado, atormentado.
[inspirado em Cecília Meireles]

II
E se perguntam os do bem
por que tanta miséria tem?
É a história que ensina
a liberdade consquistada é a sina
o império vigia que não alce vôo
a libertação dos negros oprimidos
das águias e corvos no controle
dão às pistas do tom funéreo
sem salvar da morte e da fome
querem a terra no prato indigesto
a doença do Haiti é a ganância
O pecado é o império do capital
A opressão secular e racista
A hipocrisia civilizatória imoral
[inspirado em Eduardo Galeano]

III
Deixem o povo por si
Tirem as garras do Haiti
E ver-se-á arte e pujança
substituir a iniquidade dos capachos
e a proteção imperial da matança

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