quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Por que tanto falar de amor?

Sem novidade nas coisas da vida
Invento histórias versão colorida
Deposito meu coração na tua mão
Sabes que pesa o meu amor então
Pouco vale, isso é inteira verdade
Não há modo diverso de dizer-te
Nem mesmo sei como ainda falo
Há muito indago por que não calo
Tanta história pra contar em cor
Deveria deixar de falar de amor
Após a tormenta

Se danço contigo, pego na tua mão
Meu corpo encontra o teu coração
O perfume recende mágoa passada
- mói, corrói, dói, atordoa.
E não revivo assim, é do que morro
Minh’alma se perde em volutas
Além da própria conhecida razão
Come com os pássaros no chão
São certezas de não futuro
Dum presente sem espelho
Dos escuros céus da tormenta
Um céu sem sol, nem lua
As estrelas nuas em prisão de gelo
Um tão melancólico destino
Aproxima do opaco desatino
O reverso refletido no frio da lâmina
Dum mundo perverso, abatido!
A queimada crestando o solo, a chama
Lugar algum fora d’alma intacto há
Os elementos em constante fluidez
O látego punindo minha rasa estupidez
As marcas ruinosas no coração
Os reveses da liquidez em versos
O corpo caído, vôo cego no vazio
Falso passo de valsa no cadafalso
Imprevisto lampejo, fim de desejos
Saudades e lembranças assombradas
Varadas por coriscos, tenebrosas
Lampejos da vida, tudo em risco
Atravessada por felicidade em vagas
Encadeadas como ondas à beira-mar
Sem tempo pra dor do desamor
De se poder também gostar
De estar sobre a cama sem medo
Num arremedo de brinquedo
À margem do sonho me quedo
Metade amor, metade desmantelo
Fugindo atormentado, adivinho
Após a borrasca, dor e borra de vinho

2 comentários:

MPadilha disse...

Que honra Daniel! Agradeço imensamente o convite. Está aceito!
Adroaldo, como sempre, impecável!

Adroaldo Bauer disse...

Querido Daniel,
Me Morte, que já faloi, com quem teve a subida honra de partilhar esse espaço aqui, da inciativa dela, fala por mim e mais.
À disposição, no que me concerne.
Abraço.
Beijo, Me. Agradeço teu sempre decidido incentivo.

Adroaldo