quarta-feira, 14 de abril de 2010

MEDO!!!!!!!!!!

Apesar da escuridão dominar a noite, os notívagos, que vagavam pelas ruas da grande cidade, não pressentiam nenhuma ameaça. Dentre os muitos, que eram obrigados a transitar pelas artérias metropolitana em hora tão avançada, uma silhueta esguia, de traços delicados e aparência elegante, parecia não combinar com o cenário sorumbático.
Seus passos denotavam um nervosismo absorvente. Por uma necessidade além de sua vontade, ela ocupava aquele espaço que lhe parecia ameaçador. Por não estar habituada com o local e nem com a hora, ela sentia-se acuada. Seu peito movia-se na velocidade das batidas descontroladas de seu coração. Por um mísero minuto, apenas isto, ela tinha sido obrigada a lançar-se em uma caminhada arriscada.
A aula se estendeu para além do horário normal. Até que ela conseguisse chegar ao ponto, o coletivo já havia partido. Táxi? Ela bem que esperou por um, mas depois de quase uma hora, desistiu. A caminhada seria longa, mas que alternativa ela tinha? Mentalmente ela traçou o percurso a ser realizado. Duas grandes avenidas, que deveriam estar quase desertas e duas dezenas de ruas menores onde a única companhia seria a escuridão da noite.
Os passos nervosos e vacilantes a levaram até o ponto onde deveria deixar a primeira das avenidas. Assim que contornou a esquina foi tomada por um choque aterrador: o caminho seria mais aterrorizante do que imaginara. A via secundaria estava totalmente envolta pelo manto negro da noite. As lâmpadas que deveriam clarear o caminho ou estavam queimadas ou quebradas.
A primeira rua não era tão extensa. Dois quarteirões e já estaria na próxima. O coração disparou. O suor cobriu-lhe as têmporas. De repente ela ouviu passos acelerados sobrepondo-se aos seus. Não teve coragem para virar-se e ver quem a seguia. Estugou os passos ao mesmo tempo em que sussurrava uma velha oração.
O medo despertou fantasmas mil. Enquanto acelerava os passos, imaginou o semblante daquele que estava em seu encalço. A figura máscula e rude de um desconhecido fundia-se as feições dos muitos criminosos que já havia visto nos folhetins policiais. Estupradores, trombadões, seqüestradores... eram tantos os bandidos que ela sentiu toda sua fragilidade aflorar soterrando-a em uma avalanche de desespero.
Quanto mais velocidade imprimia aos passos, mais veloz se tornavam os passos que a seguiam. Chegou a pensar que ele a alcançaria antes mesmo de chegar à próxima rua. Um segundo de alívio a tocou. Ao contornar a esquina, sentiu o silêncio envolver a noite. Nenhum passo, nenhuma ameaça. Esta rua era mais longa, sete quarteirões, mas tinha um pouco mais de movimento.
Para seu terror, o movimento não serviu para diminuir a tensão. Toda vez que um transeunte se aproximava, imaginava-o pulando sobre ela, agarrando-a com violência, roubando sua bolsa, ou pior, arrastando-a para um dos cantos escuros da rua e abusando de sua fragilidade. Ela precisava chegar logo ao seu destino.
Já estava na metade da via quando os passos voltaram a incomodá-la. Aproveitando-se da presença de outros vultos, lançou um olhar de soslaio a suas costas. Apenas silhuetas que se afastavam, nenhuma caminhava em sua direção. As sombras deveriam estar ocultando aquele que a seguia.

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