sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

MEU LAR... MEU INFERNO...

Que vastidão é essa
Que se mostra sem exatidão
Terra sem contornos
Espaço sem dimensão...
Labaredas famintas
Rompendo a carne
Trucidando os corpos
Imolando sem sacrifício
Apenas um exercício
De opressão desenfreada
Golpeando o desgraçado
Que navega em seu mar
Rumando ao desconhecido
Sem futuro... sem esperanças...
Roto... morto... apodrecido...

Esta vastidão sem fim
Consumindo energias
Alimentando pesadelos
Construindo o sofrimento
Destruindo a alegria
Corrompendo a pureza
Selvagem degredo da derrota
Inspira ódio... cultiva revolta...
Volta-se para o mal...
Será apenas desprezo
Ou o mais puro e infecto
Desejo que o torna animal...

Nesta vastidão doentia
Padeço minha condenação
Tento, mas sei não posso
Esquecer as atrocidades
Rogar perdão incondicional
Esperar que chegue o fim
O epílogo da agonia em mim
A bênção redentora
A ceifar-me a existência
A calar-me a consciência
Em beijos impiedosos
Onde provarei o fel
Dos lábios mais venenosos.

A vastidão que me acolhe
É a prisão de meus erros
A masmorra de minhas faltas
O carrasco de minha queda
O abismo de minha ruína...
Sei que não há porque esperar
Nem mesmo para quem implorar
Afinal esta vastidão não consome
Ela vomita os dejetos pessoais
Fermenta o ódio das almas
Crava seus pregos sem piedade
Mortifica o espírito sem matar
Aflige... o condenado imortal
Num sofrimento eterno
Esta vastidão... meu lar...
... meu império... meu inferno...

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