terça-feira, 12 de abril de 2011

MEU AMADO IMORTAL


Durante séculos caminhei só,

Numa busca desenfreada.

Muitos amantes eu tive,

Mas, nenhum deles caminha ao meu lado.

Eles estão mortos.

Enterrados na poeira dos tempos.

Muitos amigos cativei.

Mortais que me amaram.

Mas, também eles se foram.

Perdidos no passado.

Também mortos.

Meus pais há muito me deixaram.

Sucumbiram na mão do destino implacável.

Muitas lágrimas sangrentas,

Molharam a terra sob meus pés.

Tento recolher os pedaços de meu coração.

Que foram se perdendo no tempo.

Na escuridão da solidão.

Tento em vão achar algo que aplaque esta dor.

Tento em vão chamar sua atenção.

Sim, pois eu achei o que tanto procurava.

Achei alguém especial, assim como eu um caçador.

Mas, ele também carrega em suas costas,

O peso dos séculos de sofrimento

A dor da solidão e da decepção.

Nem percebe meu lamento.

Na noite fria e úmida.

E, se percebe, tem medo de ousar outra vez.

Ah, se ele soubesse do medo que também sinto.

De expor todos estes sentimentos.

E soturno e calado ele se mantém.

Ah, se ele soubesse, quanto carinho guardei.

Ah, se ele ouvisse as batidas loucas de meu coração.

Este coração que insiste ainda em bater.

Mesmo estando morto e frio.

Mesmo você não ouvindo meu lamento.

E na neblina da noite eu me escondo.

Envolta em manto escuro.

E observo você, enquanto caminha pelas ruas desertas.

Amando cada pedaço de seu corpo,

Desejando ardentemente seu abraço.

Em meu sono diurno,

Sonho com seus lábios rubros.

Tocando os meus gentilmente,

Num longo e apaixonado beijo.

Até quando esta espera insana?

Até quando devo sofrer sua ausência?

Por favor, anjo da noite, olhe para mim.

Note meu amor imenso e venha, sem medo.

Para que, juntos, possamos ter tudo que nunca tivemos.

Para aplacar de vez este grande desejo.


By Ana Kaya

2 comentários:

Adroaldo Bauer disse...

Do título ao verso último agarras o leitor pela explícita e aflita ansiedade. Brava!

Adroaldo Bauer disse...

esse cantinho é um canto grande.