quarta-feira, 14 de março de 2012

NÓS... (OS) MORTOS...

A face mais linda... Olhar angelical
Lábios profanos... A alma escura
A fome tornando prisioneira
A sede torturando o âmago
Há de ser um anjo pecador
Renegado por sua legião
Voltado ao mal... desterrado...
Perdido no caos da negação.

Ainda que sua carne se queime
Sua voz se eleve em adoração
Seus rogos haverão de se perder
Não encontrará eco ao anseio
Ignota se tornará aos seus
Tudo que receberá serão blasfêmias
Não mais gozará da primazia
Aguarda-a as profundezas sombrias
Solidão... castigo... sofrimento...
Entregue às plagas mais frias...

Quando sentir a dor romper seu eu
O sangue verter ungindo-a totalmente
Morrerá o suplício da maldade
Consumindo-se na loucura
Implorando por clemência
Suspirando... gemendo... gritando...
Desonra e traição a fustigar
Seus erros rutilando ante o infinito
Para não mais se elevar...

Oh, besta maldita da perdição
Fera sanguinolenta do mal
Reveste-se de angelitude
Seduzindo incautos ambiciosos
Sugando-lhe as energias vitais
Conspurcando as auras alheias
Não se apieda do imprevidente
Não se condói com o iludido
Somente sente a necessidade
Somente expressa sua insanidade...

Mas embora seja reflexo do mal
Serva da escuridão asfixiante
Escrava dos abismos sem fim
Acalento-a em meu íntimo
Acolho-a em minha alma
Trago-a em meu ser
Amando-a sem condições
Morrendo por sua vida
Perdendo-me por seus erros
Desistindo de mim... do eu...
Para que sejamos unos
Anjos caídos... expulsos do bem...
Vagando pelos ermos da Terra
Sangrando a inocência original
Morrendo a intolerância da guerra...

Um comentário:

Adroaldo Bauer disse...

Uma paixão também é assim!