quarta-feira, 22 de agosto de 2012

ALMA GÓTICA

Dirão, os obtusos,
Que minha alma padece
A ausência de um sol
Que arde na razão
Queimando as miragens
Libertando,o espírito, à ilusão.


Dirão, os radicais,
Que minha alma fenece
No abismo das sombras
Circundada pelo caos
Mortificada pela negação
Do eu que luta por si
Mas sucumbe à sua danação.



Dirão, os práticos,
Que minha alma adormece
Nas brumas de Orfeu
Aprisionada no ócio
Que invalida a realidade
Fazendo-a gemer... temer...
Perder sua medíocre identidade.



Dirão, os crédulos,
Que minha alma enegrece
Por desprezar uma crença
Renegar dogmas sagrados
Ignorar os votos anímicos
Que incandescem o âmago
Pela fé no deus crucificado.



Dirão, os materialistas,
Que minha alma empobrece
Na alienação do mundo
Particularizado da escuridão
Vazio de realização real
Apenas fátuo estertor
Sem validade... sem valor...



Dirão, os maldosos,
Que minha alma merece
A dor que a consome
A plangência que a aniquila
Por ser incomum seu viver
Haverá de minguar seu viço
Tornar-se um nada... morrer...



Dirão, os benevolentes,
Que minha alma esmorece
Pela falta de vontade
Pela entrega doentia
Mal que a agrilhoa ao inferno
Destruindo a ponte da união
Que a condena ser... solidão...



Dirão, outros tantos corações,
Que minha alma apodrece
Carcomida pelos vermes
Roída pela insanidade
Destituída de graça celeste
Uma sombra amorfa que definha
Em andrajos imundos... da peste...



Mas minha alma não se confrange
Com os conceitos a ela atribuídos
Indiferente aos brados injuriantes
Segue sua independência silente
Aos gritos da humanidade despótica
Eleva o semblante sereno e altivo
Ao revelar que é sensibilidade... não morte
O sentido que inspira a alma gótica.

Um comentário:

Adroaldo Bauer disse...

É tão a alma nua, com a força tanta da vontade tua.