domingo, 31 de março de 2013

OS CAVALOS QUE SATÃ ESCUSOU




avariada a carruagem de fogo
o auriga abandonou a boleia
tomou da parelhas as bestas dianteiras
para continuar infeliz viagem
numa ponte distante onde poucos chegaram
sem a carruagem quatro negros corcéis
nenhum deles voltou vivo
ninguém viu a porta do inferno aberta
e Satã com seu anel de rubis
três tomaram nos dentes os freios
mas tombaram num tronco de árvore caída
o peito arrebentado expondo entranhas
espalhando cascos e vísceras ao redor
o último em galope assomado
mordendo o bridão nas águas de fogo assomou

manhã na ponte ao redor
pastores cuidavam do rebanho
manha na ponte encontraram poças de sangue
e na relva orvalhada
uma trilha de vísceras
levando às portas do inferno
o sangue derramado na ponte,
sangue maldito 
dos cavalos negros que até Satã escusou


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