Meus olhos
ardem como fogo.
Minha cabeça
parece se partir atingida por mil estacas do mais puro ferro.
A dor que
antes era tão pouca agora toma todo o meu corpo.
Minha
existência se extingue a cada suspiro, pouco a pouco.
Você,
espírito que me constrói, é o único a continuar aqui.
Saiba que seremos
para sempre jovens.
Um de nós
uma criança impedida de crescer.
Eis aí uma
única falha, a solitária diferença entre mim e você.
Esteve tanto
tempo preso nesta gaiola física, tão limitada.
Sabendo que
na verdade seu potencial vai muito além.
Rastejando
nos meus medos, assim como nos seus.
Escorregando
nos nossos erros, caindo nas nossas próprias mentiras.
Enquanto
cada sopro de vida te reduz, te deixa pequeno.
Isto é tudo
que me possibilita existir.
Mas estou
morrendo agora, então nada poderá te impedir.
Estou partindo
mas isto não é para você um veneno, tanto como para mim.
Porque
poderá viajar e vagar, explorar cada pequena molécula das suas loucas ideias.
Demonstrar
cada vontade reprimida por um corpo incapaz.
Mostrar o
quanto esta tão sonhada liberdade pode ser demais.
Ver e rever o quanto a morte é
apenas uma divisora de águas, de uma vida não menos do que sagaz.
Agora que não estou mais entre a
ordem das coisas que possuem vida.
Te libero então para correr em
direção a seu único e real lugar.
Você nunca devia ter feito mesmo
parte dessas tantas opressões e limitações.
Pois o que nasceu com asas, foi
feito mesmo para ter o dom de voar.
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