domingo, 11 de novembro de 2007

O cardápio das sobras


Pode ser que o jogo termine
E eu não tenha motivos pra ver
O que fica escondido na sombra
Que me cega por ócio ou dever

Viram gritos o que eram vozes
Na espera do retorno ao pó
Quero ver esse tempo acabando
Esvaindo, desatando o nó

E se quando a gente se olha
Vira as costas e chora no braço
Corre e foge, se mela e se molha
Somos doidos, perdemos o passo
Decretando o fim da infância
Como aquele que afrouxa um abraço

No mais curto de todos os cânticos
Hinos românticos, medo, veneno e sal

No cardápio das sobras, as vítimas
Obras legítimas, fungos, migalhas de pão.

2 comentários:

MPadilha disse...

A vida é assim Ruy, muitas vezes ou quase sempre é assim. Eu gostei da sua estreia, foi profunda.
Valeu!

Angela Nadjaberg Ceschim Oiticica disse...

Um delírio que vem lá do fundo cheio de sentimentalismo.