Bem vindos ao Cemitério do Vale das Sombras. Uma Necrópole de nossos textos sombrios. Aqui só crônicas, poemas, contos e tudo no bom e velho estilo gótico de viver. Falou de morte? Poste aqui. Tristezas? Raiva? Contos macabros? Fábulas assombrosas? Temas exóticos? Textos fantasmagóricos? Aqui não tem meio sorriso, sorriso inteiro, só choro e sobrenatural. Venha fazer parte das almas atormentadas do Vale das Sombras.
segunda-feira, 24 de dezembro de 2007
Agenda fúnebre
Antes de atender o telefone, pensou em atirá-lo contra a parede. "Quê? Tão cedo?"
-- Alô?
Silêncio.
Desligou intrigado. Não é que os trotes o surpreendessem mais. O problema era o dia e o hora. Olhou para o quadro emoldurado há tantos anos, quando, por brincadeira, ele e os amigos foram à tenda cigana, brincar de ver o futuro. "Madame Zoroastra garante: você há de morrer entre um dia 13 e 15 de agosto qualquer, no prazo das duas às quatro horas da madrugada, ardendo nas chamas que o levarão para o inferno!"
Por ironia, pendurou a frase, que ele mesmo escreveu na frente da mulher, com deboche.
Então, sentiu o cheiro do gás e o estrondo que se seguiu no andar de baixo não deixou dúvidas do que viria em seguida. Sentou na cama, acendeu um cigarro e resignou-se. Passavam das três horas do dia 14 de agosto de um ano qualquer.
(foto de Ana Franco)
Um comentário:
Mas aí fica a pergunta: E se ele tivesse pulado a janela? Teria morrido queimado? Resignação é meio covarde, eu pularia.
Passa um sentimento de desespero e revolta dele ficar quieto, se acomodar. Muito bom texto.
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