terça-feira, 8 de janeiro de 2008

POEMA

No teu cadáver sou um riso à toa
Grudado e firme como um musgo dentre os dentes
No teu inverno sou qualquer pessoa
Aquele que, mesmo odiando, em sonhos ainda sentes.

No teu inicio sou um viandante
Sentado e deitado na falha do teu crepúsculo
No teu derradeiro sou teu amante
Aquele que pra te amar vende de fim o próprio músculo.

No teu ensaio sou um nobre trapo
Capaz de te assistir nua tantas vezes
E nunca sair antes do final da cena.

No teu teatro sou um fiel fiapo
Que aplaudiu teu número morto tantos meses
E de tanto almoçar o amor, agora janta a pena.

2 comentários:

MPadilha disse...

Bravo!!! Boa estreia! Muito boa mesmo.

Anônimo disse...

Bom como sempre, felizmente ainda existem poetas como vc, que saem do óbvio. É bem diversificado e muito apreciado Sr Dos Anjos.