No teu cadáver sou um riso à toa
Grudado e firme como um musgo dentre os dentes
No teu inverno sou qualquer pessoa
Aquele que, mesmo odiando, em sonhos ainda sentes.
No teu inicio sou um viandante
Sentado e deitado na falha do teu crepúsculo
No teu derradeiro sou teu amante
Aquele que pra te amar vende de fim o próprio músculo.
No teu ensaio sou um nobre trapo
Capaz de te assistir nua tantas vezes
E nunca sair antes do final da cena.
No teu teatro sou um fiel fiapo
Que aplaudiu teu número morto tantos meses
E de tanto almoçar o amor, agora janta a pena.
2 comentários:
Bravo!!! Boa estreia! Muito boa mesmo.
Bom como sempre, felizmente ainda existem poetas como vc, que saem do óbvio. É bem diversificado e muito apreciado Sr Dos Anjos.
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