quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

DIANTE DE SATANÁS.


Que pensar sobre Satanás!

Ora, Satã apresentou-se muito audacioso, fumando em demasia, os olhos incrivelmente percucientes.

Era uma criatura que impunha respeito. Inflado de luxúria, sensual, sagaz. Mas, sob aquela pele plúmbea, aquela vestimenta afogueada, a respiração difícil e forte dos fumantes - era um pobre danado.

Sim, o diabo não era nada! Não sabia nada! Não podia nada.

E, os magos o temiam, tão-somente porque aquele Espírito milenar animara os deuses mais sanguínários da Antiguidade.

-E agora presta-se ao ridículo de baixar em terreiros, e emprestar seu eminente nome aos quiumbas andrajos dos pântanos do astral inferior.

A última vez que o vi, inspirou-me compaixão. Muita compaixão. Na Assembléia, quantos demônios emergentes, sabiamente calados, poderosíssimos, não seriam infinitamente mais habilidosos, na triste condução do Globo.

Mas, Satã, auscultando o futuro, sabe bem o que espera. Ele reinará, mas seu Reino será efêmero, e, ao fim, nem mesmo a si mesmo restará o arbítrio do erro.

É o preço altíssimo de reinar nas trevas. Porque o progresso é Lei inexorável, e precisa igualmente das sombras, para agir, absoluto, pleno, em todos os recônditos do Universo.

-Satã, a tua Era está agonizando. É o ocaso. Os homens não precisarão mais de ti, Maiorial. E tu igualmente não precisará mais do erro.

E então serás esmagado, de forma tétrica, horripilante, hecatômbica, medonha - sob o peso do seu próprio carma, acumulado de maneira gigantesca, no varar infinito dos milênios, nas distâncias imensuráveis do Cosmo.

E serás então chamado Mártir das Sombras.

2 comentários:

MPadilha disse...

Ora, venha pro Vale!rss
Satanáz é o tema preferido da Me, acho sensualíssimo escrever sobre ele. Se um dia acontecer a tragédia anunciada em teu texto, certamente ele será enterrado nas páginas da literatura.
Muito bom Mago, como sempre.
Beijos

Anônimo disse...

Muito bom,gosto muito do seu estilo e sempre é uma surpresa boa ler seus contos.