terça-feira, 25 de março de 2008

CONVIDADO DO VALE...Bruno [Narkan]


Volto ao mesmo canto
por onde fui sozinho
onde solei meu caminho
em trilhas e lágrimas de pranto

volto aos dias de céu cinzento
secos e cortantes de solidão
de palavras mortas de fim incerto
pois nem me cabe a dignidade de um caixão

eu vejo as flores na chuva pisadas
flores que nas mãos levei pra ti
enfeitiçado por vós , donzela sonhada
e na promessa de amor que não conheci

ide , ide vós e caminhais
não olhais para trás
não presenciais o fim
ide , ide e voais
pelos céus noturnos
no receio turvo
e no deleite da lágrima
que arrancaste de mim !

No obscuro poeta tornei-me
e por estas noite fiz-me peregrino
em teus lábios com deleite inspirei-me
e em teu corpo eu compunha um hino !

Do que vale agora tê-la
se teu lábio é frio como a madrugada?
Do que me vale vê-la
agora que da morte te alimentas calada ?

Torturará-me em sonhos
hoje, amanha e no sempre
o doce imagem do teu olhar distante
e as noites de prazer sobre o teu corpo quente ...

volto as memórias que tinha
e só peço a ti ó vida minha
neste mesmo dia de céu cinzento
escuridão morbidez e tormento
o alívio do descanso final

ide , ide vós e caminhais
á melancolia dos funerais
não presenciais meu fim
ide , ide e voais
com a vida que arracais
e que jamais devolverás a mim !

Bruno

2 comentários:

MPadilha disse...

muito bom teu poema, espero que tenha gostado da foto, foi uma singela homenagem fúnebre a versos tão sombrios,rss

Ana Kaya disse...

Nossa que coisa mais lindaaaaaaaa
fiquei arrepidada.
realmente versos sombrios, dignos de nossa realidade, de nossos textos, devaneios e delírios.
dignos de serem aqui publicados e de serem aplaudidos.

PARABÉNS RAPAZ. Que ótimo convidado Me.