Galgando a soleira do penhasco
onde dormem, frias, penadas almas,
em meu cavalo negro, sob céu cinzento,
vejo a lua, cor sangue, emudecendo!
Na beira deste abismo vejo uma mulher
Cujas vestes brancas, sedas encardidas,
Rasgadas, tremulam, tal seus cabelos negros;
Com o laço, medonho, envolto ao pescoço.
- Há lividez em seu rosto!
De olhos fundos, sepulcro de culpa,
Arte negra da traição e do traído...
A mórbida lágrima rasteja perdida!
Não mais, que, de repente,
Nas pontas dos pés precipita-se ao abismo,
Seu grito jaz perdido, em silêncio, em medo...
Seu corpo busca o esquecimento.
A corda ao esticar faz zunir um som rouco
Duma garganta rota, seca e rasgada.
Como num susto, o som do osso fraturado,
O corpo mole jaz dependurado!
Não mais, que, de repente,
A mulher que a pouco chorava
Agora, morta, jaz dependurada...
Servindo de provisões as aves de rapina!
E a língua solta entre os lábios
Libera o sangue morto, morno...
Servindo de um grito rouco,
Que se propaga no ventre do abismo!
Saltados os olhos às órbitas,
Secos grãos de areia escura, suja,
Olham, amputados, a lua nua,
Que banha-se em sangue quente.
Vendo essa cena em único ato
Não tão profana, nem tão estranha,
Sinto um arrepio, como num susto,
Mais uma virgem perde-se neste mundo!
Meus olhos estupefatos, sinistramente,
Desfaz-se, debulham-se em lágrimas...
Tão frias quanto o vento que sopra,
Que balança a virgem dependurada e morta!
Meus olhos percorrem a carne morta,
Que outrora era viva, linda e delgada,
E num susto, em medo, meu peito triste...
Abre-se ao amor profano, e parte.
Ai, ai de mim, apaixonar-me por esta cena,
Que profana em meus olhos se tranca,
Medonha, desgraçada, e errante...
Morte, Bela e Delicada, que me invade!
onde dormem, frias, penadas almas,
em meu cavalo negro, sob céu cinzento,
vejo a lua, cor sangue, emudecendo!
Na beira deste abismo vejo uma mulher
Cujas vestes brancas, sedas encardidas,
Rasgadas, tremulam, tal seus cabelos negros;
Com o laço, medonho, envolto ao pescoço.
- Há lividez em seu rosto!
De olhos fundos, sepulcro de culpa,
Arte negra da traição e do traído...
A mórbida lágrima rasteja perdida!
Não mais, que, de repente,
Nas pontas dos pés precipita-se ao abismo,
Seu grito jaz perdido, em silêncio, em medo...
Seu corpo busca o esquecimento.
A corda ao esticar faz zunir um som rouco
Duma garganta rota, seca e rasgada.
Como num susto, o som do osso fraturado,
O corpo mole jaz dependurado!
Não mais, que, de repente,
A mulher que a pouco chorava
Agora, morta, jaz dependurada...
Servindo de provisões as aves de rapina!
E a língua solta entre os lábios
Libera o sangue morto, morno...
Servindo de um grito rouco,
Que se propaga no ventre do abismo!
Saltados os olhos às órbitas,
Secos grãos de areia escura, suja,
Olham, amputados, a lua nua,
Que banha-se em sangue quente.
Vendo essa cena em único ato
Não tão profana, nem tão estranha,
Sinto um arrepio, como num susto,
Mais uma virgem perde-se neste mundo!
Meus olhos estupefatos, sinistramente,
Desfaz-se, debulham-se em lágrimas...
Tão frias quanto o vento que sopra,
Que balança a virgem dependurada e morta!
Meus olhos percorrem a carne morta,
Que outrora era viva, linda e delgada,
E num susto, em medo, meu peito triste...
Abre-se ao amor profano, e parte.
Ai, ai de mim, apaixonar-me por esta cena,
Que profana em meus olhos se tranca,
Medonha, desgraçada, e errante...
Morte, Bela e Delicada, que me invade!
De: Flávio Mello
imagem in http://ofelino.blogspot.com/
Um comentário:
...mórbida e romântica ao mesmo tempo, só um cara talentoso como vc, totoso, conseguiria tal proeza...
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