quarta-feira, 7 de outubro de 2009

AFETAÇÕES PSICOLÓGICAS





Já não me apavoram os deuses pagãos
O que me atormenta mesmo é essa insônia
Essas sombras, essas frestas, esses galhos
Que batem na veneziana da janela
Ao mandar do vento

Já não me assustam as serpentes
O que me assombra mesmo
São essas escadas, esses trajetos
Essas invenções que enfeitam
O papel de parede da minha mente

Já não me ameaçam os chacais
O que me causa pânico são as vozes das multidões
O vai e vem dos passos
Os sinos renitentes a tocar fora de hora
A face fria da sentinela
A falta de calor
A escassez dos sorrisos

Isso sim me dá medo

É horrível!!

4 comentários:

MPadilha disse...

Estreia de altíssima qualidade! Poema com requintes de sombriedade. Seja bem vindo!

Anônimo disse...

Muito bom! Por mais que eu tente "fugir" entre outros estilos, esse tipo de verso envolto de escuridão é o que mais aprecio, e é bem típico dos versos do Vale das Sombras. Traz muita reflexão nas palavras, e é exatamente isso uma das coisas que mais me chama a atenção: a reflexão/mensagem q um poema/poesia pode deixar.

Parabéns ao escritor.

Juliaura Bauer disse...

Uma construção que atualiza os medos, que anima, sem descer ao pãnico, que paralisa.

Anônimo disse...

Muito Bom!!!