Já não me apavoram os deuses pagãos
O que me atormenta mesmo é essa insônia
Essas sombras, essas frestas, esses galhos
Que batem na veneziana da janela
Ao mandar do vento
Já não me assustam as serpentes
O que me assombra mesmo
São essas escadas, esses trajetos
Essas invenções que enfeitam
O papel de parede da minha mente
Já não me ameaçam os chacais
O que me causa pânico são as vozes das multidões
O vai e vem dos passos
Os sinos renitentes a tocar fora de hora
A face fria da sentinela
A falta de calor
A escassez dos sorrisos
Isso sim me dá medo
É horrível!!
4 comentários:
Estreia de altíssima qualidade! Poema com requintes de sombriedade. Seja bem vindo!
Muito bom! Por mais que eu tente "fugir" entre outros estilos, esse tipo de verso envolto de escuridão é o que mais aprecio, e é bem típico dos versos do Vale das Sombras. Traz muita reflexão nas palavras, e é exatamente isso uma das coisas que mais me chama a atenção: a reflexão/mensagem q um poema/poesia pode deixar.
Parabéns ao escritor.
Uma construção que atualiza os medos, que anima, sem descer ao pãnico, que paralisa.
Muito Bom!!!
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