terça-feira, 21 de dezembro de 2010

ultima ratio


espreito o indefinido como quem morre outra vez
meus olhos carregam cinzas
seguem opacos, cansados
mas avistam a última barreira

um sussurro me confessa mistérios
demônios dançam libertos
tridentes na carne que sangra fustigam meus sonhos
que teimam existir

insisto
rasgo realidades com meu arpão de delírios
penetro o infinito como um bólido
abaixo do limiar, o desejo do verme me devora entranhas
mergulho-me

caminhos a escolher e um destino marcado
resta-me seguir e contar às estrelas

até a treva, seus derradeiros reflexos
haverão de me acompanhar

(Celso Mendes)

2 comentários:

MPadilha disse...

Com certeza vc foi uma das grandes conquistas do Vale! A cada dia teus poemas ficam mais sombrios e mais bonitos. Obrigada por postá-lo aqui.

Celso Mendes disse...

Obrigado, Me. É um imenso prazer e uma grande honra postar aqui. Não tenho tido muito tempo para participar de suas comunidades como eu gostaria, mas sempre achei seu trabalho e as portas que ele abre a novos escritores algo impagável. Beijo, amiga!