sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Infinitudes de um passado em expansão


bebo do sol deste céu
deste sal que me escorre negro
deste lamento turvo e rubro
a arder-me a voz plena de sombras
do mais distante
do mais longínquo
do mais pretérito
arrebol

eu sei, eu sei
sei sim
que vento em pranto
é tempestade
que só

assola lírios inconsolados
pela palavra que queima
e alimenta
a imagem ferida
do entardecer
que silencia
a cada dia

e é assim

afago
manhãs
e afogo
crepúsculos
agonizantes
na escuridão
de noites sem fim

bem aqui
aqui em mim

(Celso Mendes)

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