escorre em minha saliva
e eu digo da ausência da palavra
e eu digo destas auroras-abismo repletas de vazios
dos mergulhos por onde me embrenhei
das manhãs e tardes insanas
à espera do consolo da noite
quando em minhas mãos
eu tinha a esperança do teu tanto brilho
a queimar-me as palmas
são nesses dias que recordo
ante o precipício de espanto das minhas midriáticas pupilas
o lado negro do arco-íris
sim, toda pérola tem a lembrança da areia úmida
e toda luz já foi matéria em combustão
e este canto não é um lamento
é apenas a memória de um tempo
em que te imaginavas minha
qual uma estrela que me caia
mas me feria
ao tentar reter
nesta brevidade de ser
a eternidade
do teu calor
a tua luz
nesta brevidade de ser
a eternidade
do teu calor
a tua luz
(Celso Mendes)
Um comentário:
...é como o pássaro que ao ser aprisionado morre, na vida é assim, nos apaixonamos pelo espírito livre de uma pessoa e não sossegamos enquanto não o aprisionamos, assim, com esse sentido de posse, nos sentimos seguros da sua companhia, do seu amor...triste ilusão, quanto mais prendemos mais aproximamos o fim dos sentimentos bons, e no final o que resta são ressentimentos.
Muito bom poema! Reflete os relacionamentos...
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