quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

O Ritual

         Saudações Mortais...


     Hoje venho aqui, postar um poema que eu acho muito lindo!  Claro, já que a autora sou eu...rs, mas falando a verdade, eu adoro ele. E, o mais curioso é que ele nasceu sem nenhum esforço, sem procurar palavras certas ou sem ficar longos minutos tentando conectar as ideias, simplesmente nasceu.
      Espero que gostem.


Ela sabia...
Sabia o que ia acontecer
Mas não estava nervosa ou ansiosa...
Na verdade, esperava por isto há muito tempo
Olhou-se no espelho
E seu reflexo lhe devolveu a imagem
De uma mulher ciente do que estava prestes
A consumar...
Havia determinação em seu olhar

Havia certeza em suas atitudes
E um desejo louco de iniciar
A nova etapa programada
Respirou fundo,
ergueu o rosto e olhou-se
pela última vez no espelho,
agradando-se com sua imagem
austera e sombria
Estava na hora

Caminhou pelos longos corredores negros
Com calma e seriedade,
pois sentia que estava próxima à eternidade
O som de seus passos ecoavam solitariamente
E ela sentia cada batida firme de seu coração,
Como uma marcha fúnebre
Ecoando pela solidão...
Parou em frente a uma grande porta de madeira entalhada
E suspirou com certo alívio,
Pois não estava assustada

Como se pressentissem sua presença,
As portas se abriram e ela pode ver
O suntuoso aposento
onde, em uma enorme lareira,
queimava um fogo hipnótico,
o fogo do Submundo...

Ele estava ali,
Ao lado da lareira

Esperando por ela..

Havia um odor muito forte de enxofre,
que ela sabia que precisava se acostumar,
caso contrário,
o ritual tão desejado não
poderia se consumar...

Parou diante dele,
a uma distância segura
e aguardou...
O silêncio era quebrado, algumas vezes,
Pelo crepitar do fogo eterno...

Então ele saiu de sua posição pétrea
e caminhou em sua direção
A distância entre eles reduziu-se a centímetros
E ele agigantou-se diante dela

Apesar de estar diante do ser mais
Poderoso que conhecia,
Ela não temeu a aproximação
E, sabendo que não haveria
Volta para o que estava prestes a fazer,
Sentiu uma paz profunda a inundar o seu ser

O odor de enxofre se intensificou
E com a voz grave e baixa
Ele falou:
"Sabes que o que fizeres aqui hoje
jamais poderá ser desfeito...
Sabes que seguirás um caminho
sem volta e que,
Nos momentos em que estiveres
perdida nas brumas da escuridão,
Nunca mais poderás voltar...
Manterás a fé em mim,
mesmo que toda a esperança
tenha se acabado e só a

escuridão tenha restado
Saberás que, embora passes
por certa dificuldade,
Estarei sempre ao teu lado,
tanto aqui, quanto na eternidade,
Pois jamais abandonarei
Alma tão pura, que por mim,
Se entregou...
Sabes que, por mais que tua
crença possa, em um momento, falhar
Estarei sempre contigo,
Para tua alma, comigo guardar
Saibas que vim até aqui hoje,
Porque ouvi o teu chamado
E por devoção tão sincera,
Me sinto lisonjeado,
pois vieste a mim por
amor, por outras vidas...
Seguirás, a partir de hoje,
O meu caminho
Tua vontade seguirá a minha direção e
Minhas leis nortearão tua vida
A resposta que deres agora,
será definitiva
e nada que exista nestes mundos
irá revertê-la...
É um árduo caminho
este que escolheste,
Mas asseguro-te que,

sendo fiel a mim,
jamais te deixarei...
E tudo o que desejares,
eu te darei."

O silêncio reinou no aposento
O fogo crepitou mais alto na lareira
E seu brilho infernal
possibilitou que o olhasse nos olhos...
Olhos negros insondáveis,
inabaláveis...
Olhos que fariam com que ela
se perdesse em sua escuridão,
mergulhasse em sua solidão
e aplacasse a dor de seu coração

O negro olhar contrastou com o
vermelho da pele e a alva brancura
de seus dentes ameaçadoramente
agudos...
Ergueu um pouco mais
a cabeça, decidida,
e respondeu com a mão estendida

“É com prazer que aqui estou
Ciente de cada significado
de tuas palavras.
A importância deste ato
tão singelo e puro
é feito por mim com
júbilo e orgulho
Não sinto medo,
não sinto temor,
apenas tenho a certeza
de que, cada passo dado
até aqui chegar,
me fez merecer
contigo estar.
Seguirei teu caminho,
obedecerei tuas leis
e manterei a fé em ti
independente do que venha
acontecer...
Por muitos anos minha alma
clamou por ti,
e agora que estás diante de mim,
Meu Senhor,
Curvo-me perante o teu poder,
e exalto o teu ser,
Entregando, humildemente, a ti
Minha alma libertada..”

Ele balançou lentamente a cabeça
e um sorriso vitorioso
estampou-se em seus lábios...
Faltava pouco agora
Para que o ritual fosse consumado...

Segurou a mão que lhe era estendida
e puxou-a mais para si
fazendo com que o cetim leve
da manga do vestido
descobrisse o pulso oferecido
Com um gesto rápido e preciso
cortou o azul das veias...
O vermelho vivo do sangue
começou a escorrer
e as primeiras gotas de vida
em um copo de prata
foram se esconder...
Após a quantidade certa
do vermelho coletado,
segurou firme , por segundos,
o pulso cortado.
Pronunciou palavras ininteligíveis,
e o sangue fora estancado...

Ergueu a taça à altura do rosto,
olhou para ela como se
brindasse à nova alma possuída
e, com certa reverência,
diante da essência adquirida,
sorveu com deleite
o sangue vermelho
da vida...
Ela o observou em silêncio,
celebrar o ritual,
e com respeito e devoção,
aguardou pelo final...

Ele sorriu para ela e voltou-se
à lareira,
inclinou-se para frente
como se reverenciasse
o fogo do qual havia saído

Estendeu a mão para as
labaredas, que se agitaram ao seu toque
E, quando ela acreditou que ele
fosse sumir nas chamas,
Ele se ergueu, segurando
uma corrente de prata
com um pingente na mão
Olhou nos olhos dela
e ela viu a nova vida que
a aguardava...
“Este é o presente das Trevas
para ti, minha criança”
Disse enquanto colocava a
corrente em seu pescoço
“É o elo que te une a mim,
de hoje em diante até o fim
dos tempos...
Ele te protegerá, te guiará
e servirá como um símbolo
da tua fidelidade...
O símbolo que carregas em
teu pescoço, a partir de agora,
é o símbolo do meu reconhecimento
pela tua fé e teu merecimento
A partir de hoje,
tua vida me pertencerá,

o meu caminho tu percorrerás
e a tua alma, para sempre comigo, estará...
Seja bem-vinda,
minha criança noturna...”

Então, ele inclinou-se para frente
e ela sentiu-se pequena diante dele
Fechou os olhos,
para evitar uma lágrima que
teimava em se formar,
pois sabia que o ritual estava
feito e, para trás, não
podia mais voltar...
Sentiu os braços fortes dele
em torno de seu frágil corpo
e sentiu o beijo do Inferno
em sua testa
Ele pronunciou palavras
que ela desconhecia
e, por um breve momento,
sentiu sua testa arder
Instintivamente, levou a mão
ao pingente e o segurou com
força, pois sabia que forte
precisava ser...
Por alguns segundos,
seu corpo todo estremeceu
como se queimasse nas
chamas da lareira...
Então, ele pronunciou a última frase
que ela não compreendeu,

mas sabia muito bem o significado
E, quando a sensação de calor
sumiu de repente,
ela abriu os olhos procurando
por ele, que não estava mais lá
Caminhou lentamente para
mais perto da lareira
e olhou por um tempo, perdida,
para as chamas do fogo que o
levaram embora
Estava feito
E, quando não suportou mais
a dor de apertar o pingente,
abriu a mão lentamente
e olhou para o seu presente:
um garfo, em prata, trabalhado
Sorriu em silêncio
Estava consumado
O pacto se cumprira
O símbolo que agora
carregava no pescoço
estaria ali para sempre

para lembrá-la
Que o Inferno e o seu Senhor
estariam no pingente,
para sempre, representados...

Vampyra M.I. (17/05/2011)


 Ósculos e amplexos,




              

2 comentários:

MPadilha disse...

Caramba! Vou ler de novo e depois comento! A coisa tá ficando boa por aqui!

Dellone @SilenceShadows (Sephiroth) disse...

Saudações Lady!
Esta de parabésn pelo
poema e pelo belo trabalho
em vosso blog! ...
me identifiquei bastante
com teus posts! ...

Seguindo

Dellone

visite-me quando puder
será bem vinda!
silenceshadows.blogspot.com